PASSOS – A Polícia Federal apreendeu carros de luxo durante a deflagração da Operação Alteia, na manhã desta terça-feira em Ribeirão Preto, Passos, São Sebastião do Paraíso e outras cidades. A ação foi deflagrada junto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e com a Polícia Civil e visa combater o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro.
De acordo com as investigações, os veículos de luxo eram comprados com o dinheiro do tráfico e colocados em lojas para serem revendidos. Essa era a forma utilizada pela quadrilha para fazer a lavagem do dinheiro.
Mais de R$ 700 milhões foram movimentados pela quadrilha nos últimos cinco anos e parte dos investigados morava em condomínios na zona Sul de Ribeirão Preto. Os nomes das lojas envolvidas e dos detidos não foram divulgados pelos policiais.
Segundo a Polícia Federal, a droga saia de Ribeirão Preto e era distribuída em outros seis estados. Ao todo, 26 pessoas foram presas temporariamente em Ribeirão Preto e em cidades como Franca, Catanduva, Serrana, Passos e Mirassol D’Oeste-MT. Também foram cumpridos 39 mandados de busca e apreensão.
Investigações da Polícia Federal mostram que a quadrilha de Ribeirão Preto (SP), suspeita de movimentar cerca de R$ 700 milhões com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em cinco anos, tinha um modo de agir bem definido, com divisões claras de núcleos e atribuições.
De acordo com a PF, havia três frentes de atuação: Núcleo Central; Compradores e distribuidores de drogas; Núcleo Financeiro. Para disfarçar a ilegalidade do lucro com a venda das drogas, obtido principalmente a partir da comercialização de cocaína, os criminosos usavam carros de luxo e empresas de fachada.
Parte dos envolvidos no esquema foi alvo de uma operação na manhã desta terça-feira (12), quando agentes cumpriram 26 mandados de prisão e 39 de busca e apreensão.
A PF identificou 59 integrantes da quadrilha, sendo que os líderes atuam em Ribeirão Preto e mantêm contatos com outros investigados em, pelo menos, seis estados.
Como funcionava cada núcleo
O esquema era dividido em três frentes e envolvia parentes de criminosos e donos de empresas, que funcionavam como fachada. O Núcleo Central era formado por, pelo menos, sete pessoas. Dele, fazem parte: Hendrix Dior Loreilhe, conhecido como Nenê ou Gordão, que já foi preso anteriormente por tráfico de drogas: Brenda Pereira da Silva, mulher de Fábio Henrique Gomes de Souza, conhecido como Lobinho, preso desde 2014, também por tráfico de drogas
Dos compradores e distribuidores de drogas, fazem parte, pelo menos 20 pessoas, sendo 12 de Ribeirão Preto, 2 de Serrana (SP), 1 de Catanduva (SP), 1 de Passos (MG), 1 de São Sebastião do Paraíso (MG), e 1 do Rio de Janeiro (RJ)
Mais duas pessoas ligadas a este grupo, segundo a PF, ainda são responsáveis pelo desvio de vendas de produtos químicos usados no preparo das drogas, tanto para potencializar efeitos quanto aumentar o volume. As investigações apontam que elas utilizavam as substâncias tetracaína, cafeína e adrenalina.
O Núcleo Financeiro cuidava, especificamente, da movimentação dos lucros provenientes do tráfico de drogas e usava contas de terceiros para dificultar o rastreamento do dinheiro, de origem ilícita.
Além de Brenda, que também atuava neste núcleo, outras 12 pessoas também faziam parte dele. Entre os envolvidos, estão pessoas que utilizavam as próprias empresas no esquema e até parentes de Hendrix.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, a maior parte da quantia em dinheiro movimentada é resultado da venda de cocaína.
A operação, chamada de ‘Alcateia’, também resultou, além das prisões e buscas, na apreensão de propriedades, veículos e ativos financeiros registrados em nome dos suspeitos, das empresas deles e de terceiros utilizados como intermediários para lavar o dinheiro.