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Pesquisadores descobrem nova espécie de girassol em Piumhi e grupo pede criação de APA

26 de março de 2024

Foto: Reprodução.

Leonardo Natalino

PIUMHI – Um grupo de pesquisadores de universidades mineiras que realizou estudos na vegetação de Piumhi anunciou a descoberta de uma nova espécie de girassol no município. O mapeamento foi realizado na última semana, como um dos processos previstos para a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) Serras e Águas de Piumhi.

O coordenador técnico do movimento Amigos do Araras e da Belinha, Igor Messias da Silva, afirma que apoia a criação da APA e que convidou os pesquisadores para a tarefa. Segundo ele, a descoberta da nova planta é um dos fatores que pode definir a aprovação do projeto de lei que prevê a criação da unidade de proteção Serras e Águas de Piumhi.

“Além da planta, a gente encontrou uma espécie de peixe ameaçada de extinção, a Pirapitinga. Tem também uma espécie de pássaro ameaçado de extinção, o Papa-moscas-do-campo. Grandes mamíferos ameaçados de extinção, como Tamanduá-bandeira. Tudo isso gera uma importância muito grande para que se crie a área de proteção ambiental”, explicou Igor.

O biólogo João Luís Lobo, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que participou do estudo, revelou, em entrevista à rádio Onda Oeste, que a nova planta encontrada ainda não foi catalogada e pertence à família dos girassóis. Também foram encontradas cinco espécies de plantas em risco de extinção e que existem apenas na Serra da Canastra.

“Da mesma espécie do girassol. Uma planta completamente desconhecida pela ciência, que vai ser dado um nome, vai ser registrado e passará a ser uma espécie válida. Essa planta vai ser categorizada, na sua própria descrição, como criticamente ameaçada, dado o risco da mineração destruir essas áreas, e também da área de ocorrência muito limitada (menor que 12 km²)”.

“Encontramos cinco espécies que também ocorrem em Piumhi. A diferença é que em Piumhi ainda não são protegidas. Então as espécies estão ameaçadas, elas só existem em um lugar no mundo (Canastra)”, explicou.

O grupo de pesquisadores está mapeando a biodiversidade de Piumhi a convite de Igor Messias, que, junto da vereadora Shirley Elaine Gonçalves e do movimento, reivindica a votação do Projeto de Lei n° 048/2023 que prevê a criação da Área de Proteção Ambiental Municipal (APA Serras e Águas de Piumhi), a fim de evitar a ação de mineradoras no município.

Movimento

O movimento Amigos do Araras e da Belinha foi criado em 25 de março de 2023 e completou um ano nesta segunda-feira. Segundo Igor Messias, o movimento reúne centenas de pessoas e foi criado como forma de protesto à instalação de uma mineradora que exploraria o minério de ferro nas serras de Piumhi.

Projeto de lei

O Projeto de Lei n° 048/2023 foi protocolado em julho do ano passado, de autoria da vereadora Shirley Elaine Gonçalves, e deve ser votado nos próximos meses, antes das eleições municipais.

No PL, é previsto a implementação da Área de Proteção Ambiental, que tem como objetivos proteger as áreas de recarga hídrica dos mananciais de abastecimento público de Piumhi, o patrimônio arqueológico, a qualidade do ar, a beleza cênica dos pontos de ecoturismo, e a qualidade ambiental para as futuras gerações.

De acordo com o movimento Amigos do Araras e da Belinha, a APA deverá abranger 11.956 hectares, o que representa 73,7% da vegetação nativa de Piumhi. Alguns dos pontos presentes na área prevista são: Cachoeira da Belinha, Cachoeira do Nenzico, Mirante da Belinha, Mirante da Onça, Poço do Cipó e Poço dos Gogas.

Ainda no PL, é prevista a proibição de algumas práticas na área delimitada, como a exploração de minérios, construção de obras ou empreendimentos que alterem os sítios arqueológicos e atrativos turísticos, e caça ou atividade que afete a fauna.