Leonardo Natalino
PASSOS – O Parque Nacional da Serra da Canastra (PNSC) é considerado o segundo melhor de Minas para a prática de astroturismo. Entre os 75 parques nacionais avaliados no Índice de Potencial Astroturístico (Iastro), a Canastra fica na 12ª colocação. Em Minas, a Canastra só perde para o Parque Nacional das Sempre-Vivas, localizado na Serra do Espinhaço, em Diamantina.
O Iastro é um índice utilizado para medir o potencial astro turístico dos parques brasileiros por meio de uma classificação que indica os mais e os menos propensos à atividade e considera como base as principais variáveis usadas tanto pela Dark Sky International (https://darksky.org) quanto pela Starlight Foundation (https://en.fundacionstarlight.org/) em certificações, incluindo: poluição luminosa, climatologia e infraestrutura turística.
Na classificação de 2024, oito parques aparecem com potencial excelente, entre eles o das Sempre-Vivas, o único em Minas.
O Parque Nacional da Serra da Canastra, que abrange territórios de São Roque de Minas, Capitólio, Vargem Bonita, São João Batista do Glória, Delfinópolis e Sacramento, está classificado na categoria Ótimo, a segunda maior do Iastro, e aparece em quarto lugar.
De acordo com o condutor de visitantes do PNSC, guia de turismo especializado no guiamento astronômico e CEO da agência CanAstro, Rafael Marques, o astroturismo é um segmento que está vinculado com o ecoturismo, com ênfase no período noturno.
“Tratamos desde conscientização ambiental a interpretação do céu estrelado. Utiliza-se de equipamentos astronômicos em atrativos turísticos naturais para a realização do tour astronômico, isso por conta das condições favoráveis de céu muito bem preservado”, disse.
Noticiado pela Folha da Manhã em agosto deste ano, a equipe de Astroturismo dos Parques Brasileiros, projeto institucional vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez uma expedição nos municípios de Vargem Bonita e São Roque de Minas, no início de julho, para analisar a qualidade do céu noturno da região da Canastra em relação ao astroturismo.
“Com paisagens surreais sobre o imponente bioma do cerrado, o parque tem um dos céus mais adequados para quem quer curtir constelações, chuvas de meteoros, planetas, nebulosas, galáxias e registrar aquelas lindas imagens da Via Láctea”, diz o astrofísico e astrônomo do Observatório Valongo UFRJ, Daniel Mello.
Um dos objetivos da expedição foi avaliar a qualidade do céu noturno da Canastra, por meio de critérios técnicos estabelecidos pelo projeto desde 2021. A avaliação permitiu verificar a qualidade do céu da região para atividades astronômicas, do potencial para o astroturismo e a possibilidade da indicação futura do Parque Nacional da Serra da Canastra como parque de céu escuro (Dark Sky Park) certificado internacionalmente.
“Estamos em tratativas com o trade turístico, comunidade, astrônomos amadores e astrofotografos e gestores do parque, mas a análise nos mostrou que o parque tem potencial, e com isso ficou na 12ª posição. A certificação será um processo longo, estimativa de dois anos para conseguir”, explica Rafael Marques.
“Aliás, por curiosidade, no Brasil só tem um parque certificado Dark Sky Park, que fica no Rio de Janeiro, especificamente no município de Santa Maria Madalena. Chama-se Parque Estadual do Desengano. Então, nossa missão será trabalhar para que o Parque Nacional da Serra da Canastra consiga a certificação internacional”, completa.
Conferência
Entre os dias 16 e 19 de dezembro, Rafael Marques participará da II Conferência Brasileira de Astroturismo, de forma online, para divulgar os resultados obtidos durante a pesquisa/expedição realizada em julho no Parque Nacional da Serra da Canastra. O evento é 100% gratuito, com transmissão no canal do Youtube da TV Valongo.
A conferência tem como objetivo a promoção do astroturismo no Brasil, e busca não apenas atrair profissionais e entusiastas da área, mas também sensibilizar o público quanto à preservação ambiental e ao papel fundamental da ciência no desenvolvimento dessa nova modalidade de turismo sustentável.
