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Paraíso entra na rota da colheita de uva para produção de vinhos finos

Fazenda Experimental da Epamig em Paraíso realizou adaptação de uva híbrida / Foto: Reprodução

ROBERTO NOGUEIRA

 

S. S. PARAÍSO – O cultivo de uvas para a produção de vinhos finos está em expansão em Minas Gerais. De acordo com levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), desde a safra de 2022, a colheita ultrapassa o volume de 2 mil toneladas da fruta por ano. O município de São Sebastião do Paraíso entrou na atividade em 2011, com o plantio de um vinhedo institucional na sede da Epamig, que fica a 12 quilômetros da cidade, onde produz a uva Syrah.

A Syrah, casta de uva tinta da família Vitis vinífera, está cada vez mais em alta no mercado de vinhos finos de Minas Gerais já que se adequou muito bem à dupla poda. A técnica, adaptada pela Epamig, inverte o ciclo natural das videiras, feito que permite colheitas e produção de vinhos de inverno.

No vinhedo em Paraíso, a safra de 2021 se destacou por ser a mais produtiva desde o plantio das videiras, em 2011. A colheita bateu a marca de 3,7 mil quilos de uva Syrah, com destaque para os excelentes índices de maturação tecnológica e fenólica. Os cultivadores apontam Syrah já pode ser considerada uma uva ícone do Sul de Minas, já que a sua produção está inserida em vários municípios da região.

“Essa safra 2021 foi muito especial, com uma colheita muito boa. Daí nós tivemos a ideia de criar um vinho Gran Reserva para mostrar o que o nosso parreiral consegue fazer de melhor. Foi elaborado um protocolo especial para esse vinho que ficou seis meses em inox e 12 meses em barricas de carvalho francês de primeiro uso. Depois disso, o vinho foi envasado e ficou cinco meses em garrafa descansando”, explicou o enólogo da Epamig Lucas Amaral.

Ele acrescenta sobre a bebida que se trata de “um vinho com 15% de álcool, uma boa estrutura, aromas de especiarias (tabaco, couro, café, um pouco de baunilha), também tem notas fruta madura, bergamota, frutas vermelhas e negras, como ameixa, morango”, disse.

A Epamig completou 49 anos no dia 6 de agosto do ano passado. Para marcar a data, a comemoração foi realizada ao sabor do vinho Epamig Syrah Gran Reserva. A bebida, produzida com uvas colhidas no ano de 2021 no Campo Experimental da Epamig em São Sebastião do Paraíso e teve uma edição limitada que foi disponibilizada aos consumidores do Empório Epamig no final de 2023.

As expectativas quanto ao cultivo são as mais otimistas e a perspectiva é a de produção de vinhos muito bons. Um vinho Gran Reserva possui a categoria de qualidade superior. Segundo a legislação brasileira, para ser enquadrado nessa categoria, o vinho precisa estagiar por, pelo menos, 12 meses em barricas de carvalho antes de ser engarrafado e comercializado.

A produção de vinhos finos em Minas é feita basicamente com o uso de variedades de uvas importadas, como Syrah, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Merlot. Embora a atividade seja considerada novidade para muita gente, Minas Gerais já conta com pelo menos 58 vinícolas. Alguns desses empreendimentos vêm conquistando prêmios nacionais e internacionais, um reconhecimento da qualidade da bebida.

O cultivo de uvas para produção de vinhos finos está em expansão no estado. De acordo com levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), desde a safra de 2022, a colheita ultrapassa o volume de 2 mil toneladas da fruta por ano.

Para 2024, a produção deverá ser de aproximadamente 2,5 mil toneladas, a maior já registrada nos últimos 10 anos. A área plantada em Minas é de 403 hectares, sendo que 66,5% deste total já estão produzindo. Os municípios com maior produção de uva destinada aos vinhos finos são: São Gonçalo do Sapucaí, Caldas, São Sebastião do Paraíso e Andradas, todos na região Sul.

Conforme o coordenador de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, a produção de vinhos finos em Minas Gerais se diferencia do Sul do país porque é possível colher a uva durante o inverno em condições ideais para fabricar a bebida. “Temos um inverno seco, com amplitude térmica acentuada entre o dia e a noite. Um clima que se assemelha ao do período da colheita da uva na França, grande produtora de vinho”, explicou.

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