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Para entender Bolsonaro e o bolsonarismo

Foto: Reprodução

ESDRAS AZARIAS DE CAMPOS

Para começo de análise a pergunta pertinente é, bolsonarismo é uma corrente política consistente com planejamentos e projetos sociais culturais e econômicos com visão republicana visando o desenvolvimento do povo brasileiro e do Brasil? Outra pergunta essa mais direta, por acaso você já ouviu ou leu notícia ou mesmo viu o Bolsonaro em entrevista ou em suas delirantes “lives” dizendo pelo menos uma frase sequer, em favor dos milhões de pobres e miseráveis deste país? Só mais uma perguntinha, essa bem pessoal, por que Bolsonaro que se diz católico nunca aparece em uma igreja católica e pelo contrário demonstra mais assiduidade em igrejas evangélicas? Inclusive se deixou batizar por três vezes por diferentes pastores evangélicos, sendo um dos batismos realizados nas águas do sagrado rio Jordão. E mais, Bolsonaro não esconde seu exacerbado entusiasmo pelo judaísmo, a ponto de incluir em suas manifestações públicas a bandeira do Estado de Israel ao lado da bandeira brasileira, mesmo no tempo em que era presidente do Brasil. Bolsonarismo adotou a ideologia neofascista como também as práticas dos eventos com as massas fanatizadas tão comuns dos fascistas para idolatrar o mito, isto é, o “grande chefe”.

Em seu livro “Psicologia de massas do fascismo” publicado no início da década de 1930, o grande psicanalista Wilhelm Reich, deixa claro que o fascismo é a “expressão da estrutura irracional do caráter do homem médio, cujas necessidades biológicas primárias e cujos impulsos têm sido reprimidos há milênios”. De certa forma o contexto do neofascismo obedece a mesma lógica do velho fascismo. Pois que o neofascismo é o primogênito do velho fascismo, se trata hoje de um fenômeno a se espalhar pelo mundo democrático de forma aberta e latente. E o bolsonarismo é seu representante no Brasil. E Bolsonaro não é o fenômeno que imagina ser, a não ser para o contingente de neofascistas e tantos outros oportunistas em busca de se escorar no falso mito para obtenção de capital político.

Ao analisar a família, Reich compreende a razão do fascismo ser um fenômeno típico da classe média-baixa: é devido à estrutura familiar autoritária deste estrato social. Por isso, observamos que membros da classe média formavam o maior contingente dos golpistas nas manifestações bolsonaristas, àquelas reuniões nos portões dos quartéis do Exército durante o desgoverno Bolsonaro. O lema “Deus, pátria e família” do fascista Mussolini, o qual Bolsonaro incluiu a palavra Liberdade, por entender como livre expressão para atacar as instituições nacionais como por exemplo o STF e para cometer crimes com divulgações de fake News para tumultuar o cenário político. O movimento para anistiar a si próprio e os golpistas criminosos que vandalizaram a Praça dos Três Poderes em Brasília em 08/01/2023, é a evidência desses desatinos. Se não bastasse tudo isso, o bolsonarismo ainda produz políticos à imagem e semelhança do seu líder, Bolsonaro. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) que se travestiu de Nicole na tribuna da Câmara Federal usando uma peruca loira para fazer um discurso homofóbico e ao mesmo tempo misógino, exatamente no “Dia Internacional da Mulher”. Ou o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) inveterado racista a proclamar nas redes sociais que os africanos (negros) têm QI igual ou menor que dos chipanzés. E ainda tripudiou do povo nordestino comparando-o a galinhas que basta você jogar uma migalhas no chão que vem todos correndo comer. Você não encontra políticos bolsonaristas fora desse nível, a começar pelos filhos de Bolsonaro, a Michelle com seu estilo de pastora evangélica poderia ser uma exceção, mas ao misturar religião com bolsonarismo acaba dando no mesmo. Ah, tem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, este os bolsonaristas o chamam de direita limpinha. Isto mesmo a extrema direita chama a sua coirmã de Limpinha. Assim o bolsonarismo colocou o Tarcísio numa sinuca de bico, porque o governador jura que é bolsonarista e que deve muito ao Bolsonaro!

Enfim, bolsonarismo não é uma corrente política nem chegará a ser um partido, é apenas uma onda, talvez uma tsunami tentando encobrir a democracia brasileira. Mas como toda onda acaba por morrer na praia, assim também, o bolsonarismo um dia terá o seu fim que certamente acabará no arquivo morto da história.

ESDRAS AZARIAS DE CAMPOS é Professor de História

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