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Opinião – A grande metáfora

Autor: ALEXANDRE MARINO

Ei, você aí, que caminha de mãos nos bolsos com cara de paisagem, já se tocou das bobagens que andou fazendo, ou ainda vai demorar para a ficha cair? Você que saiu do conforto de sua casinha para ir tomar chuva no acampamento dos “patriotas”, que de patriotas nunca tiveram nada, você que participou de listinhas e contribuiu com seu suado dinheirinho (às vezes nem tão suado assim, convenhamos) para que seus laranjas fizessem um patético ataque às instituições nacionais, e na sua fúria sem sentido destruíram o patrimônio público, destruíram obras de arte, destruíram bens valiosos que não pertenciam a nenhum político, e agora enfrentam alguns, muitos processos na Justiça, e tentam esconder a vergonha que sentem? Ah, você não voltou ainda para o conforto de sua casinha porque está foragido? Sente que a polícia está fechando o cerco? Ora, isso não é privilégio seu…

Aquele 8 de janeiro, que você ajudou a perenizar no calendário, a ponto de deixar de ser uma simples data para ser um nome, para ser o nome da grande vergonha nacional, é um dia que vai ficar para sempre, não vai acabar nunca, porque nunca deixaremos de falar sobre o dia em que o Brasil se voltou contra si mesmo, o dia em que o Brasil, triste nação, se torturou com chicotes, facas, pedras e extintores de incêndio, o Brasil se imolou como faziam os monges da Idade Média, sim, a Idade Média em que ainda vivem hoje os seus tristes cérebros, esse Brasil que é o fruto do colapso de nosso sistema de educação, esse Brasil que alimenta fanáticos que não sabem o que querem, que se movem para destruir mas não sabem explicar em nome de quê, fanáticos que endeusam um genocida em nome de Deus, que se deixam fotografar defecando sobre o patrimônio público, ao lado de outros que se não defecam pelos canais competentes expelem pela boca, em forma de gritos e frases feitas, vazias de ideias, o mesmo material nauseabundo que guardam onde devia haver um cérebro? O que diz você, que se deixou fotografar enrolado na bandeira brasileira, aquela mesma que você ajudou a transformar em símbolo do fascismo nacional?

Pois o 8 de janeiro foi a síntese, a grande metáfora de outros 1.460 dias em que o Brasil e todo o seu patrimônio, todos os bens que o país reuniu ao longo de sua triste História foram massacrados, vilipendiados, arruinados, devastados, sob o comando de um demente que acreditava que “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo, nós temos é que desconstruir muita coisa”, e lá se foi a turba destruir os palácios, o patrimônio nacional, as obras de nossos grandes artistas, os objetos históricos sem réplica no mundo, o sentimento de brasilidade que jamais essa gente teve, e até nossa Democracia que não foi destruída porque não será um bando de ignorantes que a destruirá.


Mas o demente não quis apenas destruir instituições, o demente quis destruir seres humanos, e montou um plano estruturado para assassinar povos inteiros, gerações inteiras, como o mundo inteiro vê agora, estarrecido, que ele começou a fazer com a Nação Yanomami, massacrada pelos criminosos que invadiram seu território guiados por ele, o demente, levando armas e veneno, para destruir a floresta que é outro de nossos patrimônios, para extinguir as árvores, os animais, os rios, o alimento dos povos que dela dependem e dela cuidam, os criminosos que da floresta roubam madeira e ouro, como se alguma coisa roubada à terra sagrada dos povos originários fosse gerar algum bem para o Brasil, como se não fosse gerar apenas miséria e devastação, como se para o demente genocida e sua turba de nada valesse a riqueza espiritual daquele povo massacrado há séculos, a cultura milenar que desenvolveram desde muito antes da invasão destas terras belas e férteis por três caravelas cheias de bêbados, de dementes como o próprio demolidor que não passa de um mito arrefecido, que causou indignação a um planeta já cansado de massacres, um planeta que não esperava que surgisse em pleno século 21 um aprendiz de Hitler, um nazista principiante que deixou um país em escombros com suas trapalhadas políticas e ideológicas, com sua visão distorcida de nação e de Deus, e acabou mostrando ao Brasil que sua demência é profundamente perigosa e contagiosa.

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