GILBERTO ALMEIDA
“Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”
“Enquanto o mundo do exibicionismo é alimentado nas redes sociais, dando um alento às desigualdades, a sociedade do espetáculo vai se fortalecendo pelos apuros políticos, pelo colapso das instituições e pela epidemia do medo.” – Marcos Madeira de Mattos Martins
O comportamento dos gestores brasileiros merece um estudo. Embora a postura daqueles que após eleitos passam a governar seja a de persistir vendendo ilusões, confesso que com o advento das chamadas mídias sociais, o comportamento de tais atores políticos se tornaram um verdadeiro escárnio e um vilipêndio à mínima inteligência do cidadão brasileiro.
O que se fala, o que se publica e os discursos descalços da verdade e de um formidável e fictício deslumbramento, capazes de causar engulho “em um caminhão de bicarbonato”.
Comecemos no reinado de Dom Luiz Silva, a alma mais pura deste país: não quero aqui falar das esquecidas promessas de campanha como a cervejinha com picanha, isenção de imposto para renda de R$ 5 mil e tantas outras falas que serviram apenas para enganar incautos e render votos. Vamos, por exemplo analisar o que é festejado nas redes pelos vassalos de Dom Luiz Silva e mesmo na imprensa militante, com aquilo que de fato está acontecendo.
Todos os jornais capitaneados pela milícia petista dos descendentes de Marinho, teceram loas ao fato de ter sido dado aumento real ao salário-mínimo, escondendo que tal aumento foi de míseros R$18,00, o que representa pouco mais de um bife de picanha ao mês.
A famosa democracia e transparência parece também ter se tornado mera retórica eleitoral, quando assistimos aos garbosos ministros colecionando quase 1000 processos criminais a maioria por corrupção, se comportando de uma maneira absolutamente questionável, tanto no uso de bens públicos quanto nas composições de comitivas megalomaníacas que acompanham Sua Majestade em hotéis paradisíacos nas viagens ao exterior.
Ainda merece ser lembrada a decretação de sigilo em dados que a população precisa saber, como despesas presidenciais e as famosas filmagens ocorridas nos ambientes palacianos, compondo um cenário exatamente o oposto daquilo que disseram nas campanhas.
Poderia aqui enumerar um grande número de contradições da Corte ao apresentar na mídia uma versão maquiada da verdade, mas até para não cansar o leitor, encerro o capítulo de instância federal falando sobre essa guerra a respeito das taxas de juros.
Dom Luiz Silva tem se mostrado em azedos pronunciamentos, sua indignação com o fato do Comitê do Banco Central, dirigido pelo brilhante economista Roberto Campos Neto, estar mantendo da taxa SELIC a níveis altos e exigindo que as mesmas sejam diminuídas. Inclusive o morubixaba petista já ameaçou destruir a autonomia do Banco Central, recente conquista dos brasileiros. Esquece Sua Alteza, que não se pode tratar uma infeção apenas com antitérmicos baixando a febre, o que parece desejar, provocando em breve uma infecção generalizada.
A taxa SELIC é calculada tecnicamente levando em conta os indicadores financeiros e econômicos e serve como mecanismo de controle para evitar a hiperinflação e o desarranjo econômico. Baixar a SELIC por decreto é de uma irresponsabilidade monumental e sem se avexar, somos obrigados a ouvir exaustivamente que o malogro do atual governo se origina no sintoma de febre e não na infecção.
Chegando ao nível do Estado de Minas, podemos também verificar que o governador Zema, em quem votei sem arrependimentos, também usa as mídias para enaltecer seu governo, sem entretanto dar os esclarecimentos de como e porque muitos fatos ocorreram. É preciso avisar ao governador Zema, que já cansou sua cantilena de críticas ao ex governador Pimentel (PT).
É hora de esquecer o desditoso governo do PT, afinal o FDP teve o destino que merece, ou seja, não se reelegeu perdendo para Zema sem mesmo ir ao segundo turno e em 2022, com uma vexatória votação, não conseguiu sequer se eleger deputado federal. É preciso também que o governador Zema saiba que todo o ufanismo por ter regularizado os pagamentos dos servidores estaduais, só foi possível em virtude dos 30 bilhões ressarcidos pelo do grande e lamentável desastre de Brumadinho.
Espero que neste segundo mandato, muitos dos problemas de nosso Estado sejam enfrentados e quem viaja por estradas estaduais pode referendar o que digo. Enfim, o Governo de Minas, também oportunisticamente usa de jargões e propagandas que não se sustentam diante de uma análise verdadeira dos fatos, embora sua veiculação midiática mostre grandes conquistas, tal qual os R$18 de aumento do salário.
E para completar o quadro, não menos lamentável, o comportamento de Sua Excelência o Senhor doutor Prefeito, cuja afetação midiática foi tantas vezes abordada aqui. Como o cidadão se identifica mais com os gestores municipais até mesmo pela proximidade, é preciso que se diga que ninguém aguenta mais a glorificação cibernética praticada, representando um acintosa conspurcação quando confrontada com o que de fato esta acontecendo na cidade.
A cada obra virtual acalentada na Web Sátira, encontramos um doloroso contraponto real, tendo como resultado a indignação e desalento do povo. É assim com as 28 ruas a serem pavimentadas e que depois de uma novela mexicana de prorrogações, deverão ser licitadas novamente, segundo afirmou o Líder do Prefeito na última sessão da Câmara.
É assim com o Sistema Municipal de Saúde que continua engatinhando sem evoluir e, o pior, sem atender dignamente a população. E para encerrar, não poderia deixar de aqui mostrar uma séria contradição noticiada esta semana: Passos receberá 2 mil microchips para microchipagem de cães e gatos, atendida por um programa estadual.
É evidente que tal feito merece aplausos e sem a menor dúvida representará avanços e a Administração Municipal está de parabéns por ter acesso a este benefício. Entretanto, gostaríamos que a mesma competência demonstrada para captar recursos deste programa, acontecesse para dar atenção ao número crescente de moradores de rua da cidade.
Vivendo na penúria e na exclusão, faltam recursos para a Secretaria de Assistência Social, cuja titular, Carla Pimentel, tem se demonstrado laboriosa e competente, mas que pouco pode fazer se sua pasta não for priorizada, inclusive se toda sociedade se conscientizasse da responsabilidade que tem para ajudar nessa árdua e necessária tarefa de não desamparar pessoas.
Se já temos albergue e cantinas, ao que parece ainda é necessário que medidas conjuntas sejam tomadas. Todos somos responsáveis, mas infelizmente, para muitas pessoas a presença de moradores de rua incomoda, entretanto, parecem não se incomodarem com a situação de extrema miséria a que são condenados e, de forma indizível, os consideram um problema de segurança pública.
PS: acabo de receber um audio do prefeito dizendo que a Prefeitura não tem nada a ver com o evento Festival do Torresmo que deu problemão. Acontece que recebi também uma propaganda do evento com a logo da Prefeitura apoiando o evento . Onde está a verdade???
GILBERTO BATISTA DE ALMEIDA é engenheiro eletricista e ex-político, escreve quinzenalmente às quintas nesta coluna