Opinião

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29 de janeiro de 2024

Mr. Robert

Caso passe pela sua cabeça que só você tem história de vida, conheça a história de Carlos Colla em entrevista a Luiz Nassif, mineirinho de Poços de Caldas (Domingueira GGN), pouco antes do falecimento do prolífico compositor de sucessos em diferentes estilos.
Também produtor musical, instrumentista, advogado e servidor público no passado, Colla compôs para muitos ases, como Roberto Carlos, Sandra de Sá, Alcione, Legião Urbana, Fafá de Belém, Menudos, Tim Maia, desembocando no Sertanejo Clássico com Chitãozinho e Xororó, entre tantos outros famosos.
A história de um homem que dizia não acreditar em idealismo, ao contrário do que o próprio supunha, largou tudo para viver a vida do seu jeito em busca de uma vida melhor. E encontrou: a música. A isto se chama idealismo. Salvo melhor juízo.
Há que se levar em conta, bem poucos conseguem a façanha de produzir tanto e para tantos de modo a obter sucesso na carreira.
Consta de sua produção ativa e intelectual mais de 2 mil canções gravadas com êxito junto ao público. Sucessos como Solidão, Falando Sério, Meu Vício é Você, Na Hora do Adeus, A Namorada, Sonho Lindo, Olhos de Luar, Verdade Chinesa, Tua Fera, Fogão de Lenha, Vida Virou, Bye Bye Tristeza, muitas das quais parceria com Maurício Duboc.
Por óbvio, nem tudo que compôs tornou-se garantia de vendagem, mesmo porque até mesmo por questão de sobrevivência o “argent” fala alto nessas horas, quando, composições feitas por encomenda, nesse aspecto e particularidade, acontecem e acabam arranhando o idealismo. Ainda que discordem.
Verdade é que Carlos Colla encontrou nesse mundo complexo a sua realidade e que envolve a metafísica, algo descolado da matéria.
Lembrando Karl Marx, em controversa posição, “o idealismo está apenas no plano ideal e não consegue concretizar nada que de fato modifique a sociedade”. Conceito diverso, opinião pessoal — com a devida vênia — somos, sim, operários sociais e parte fundamental e modificadora de toda uma estrutura social.
Carlos Colla veio a falecer no Rio, aos 78 anos, no dia 13 de janeiro de 2023, de parada cardíaca, após se submeter a cirurgia para tratar de dois aneurismas na aorta abdominal.
Para o filho Carlos Câmara de Carvalho Colla, gerente executivo da TV Brasil, “seu pai foi muito mais do que o Carlos Colla que todos conheceram. Foi o nosso pai e o nosso ídolo”. Feito o registro e a homenagem ao homem que marcou presença na comunidade humana, deu o seu recado e partiu. E usando de oportuna metáfora, com vastidão de boa obra, deixou na berlinda partidos e quebrados corações. Tantas as emoções.
E assim foi.