Opinião

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27 de janeiro de 2024

Nova Era, novos impactos

O início de uma Nova Era está relacionado ao processo histórico que é dinâmico e as mudanças sociais culturais e econômicas ocorrem devido às tensões provocadas pelas relações humanas no processo da produção. E tais fatos não têm datas determinadas para começar ou terminar. A nossa Era Contemporânea, por exemplo, teve início com a Revolução Francesa em 1789. Uma Nova Era se configura ou se precipita sempre através dos impactos sociais e econômicos. Daí decorre a mudança social que sempre advém de forças naturais e de atos intencionais. Há várias fontes de impactos para a mudança social: luta de classes, crescimento populacional, avanços tecnológicos, contatos com outras sociedades e guerras. Daí se sucedem os modelos de sistemas econômicos até hoje caracterizados por injustiças sociais. Então, tais modelos desde sua origem têm provocado um eterno “mutatis mutandis”, traduzindo, mudando o que deve ser mudado. O modelo escravista da Antiguidade foi substituído pelo sistema feudal medieval que por sua vez cedeu lugar ao sistema capitalista a partir do século XVI.
Então, eis a pergunta que não quer calar: os impactos sociais e econômicos atuais significariam que o capitalismo está caminhando para o fim? Não e sim! Não porque o processo de deterioração de um sistema econômico pode durar séculos ou até milênios como no caso do escravismo na Antiguidade. Já o sistema feudal durou dez séculos. E o capitalismo já alcançou cinco séculos, mas já dá sinais de desgaste, porém nada indica que seu fim está próximo. Pois, além do seu extraordinário potencial poder de fogo, detém praticamente quase 90% do capital existente em poucas nações, o que possibilita aos cinco países capitalistas mais ricos a manutenção do sistema, mesmo e apesar do acirramento das crises econômicas internacionais cíclicas e infindas. E sim devido o capitalismo ter atingido o estágio Imperialista a partir do século XIX. E segundo as teorias dos mais importantes historiadores e pensadores, o estágio imperialista é a passagem inevitável para o fim. A história do passado confirma esta tese. Lá se foram os impérios persa, egípcio, greco-macedônio e o mais famoso de todos o império romano.
A Nova Era chegou? Os catastrofistas com viés místico-religioso pregam que sim, é o fim dos tempos, ou o fim do mundo, o cumprimento das profecias apocalípticas ou até mesmo das previsões de Nostradamus! Ou é o fim do capitalismo? O capitalismo sangrou o mundo com o colonialismo do século XVI ao XIX, produzindo o chamado “Terceiro Mundo” composto da maioria das nações de três continentes a saber: Ásia, África e América Latina, onde se concentram os maiores bolsões de pobreza do mundo. Ainda hoje, o capitalismo mantém a sua principal essência, uso da violência (guerras e intervenções militares) para manutenção do domínio do mercado internacional, e, da competição acirrada e desleal das nações mais ricas sobre as mais pobres. E todo esse impacto é causador em cascata dos problemas emergentes por que passa o mundo. Migrações de milhões de refugiados de guerra ou por motivos de intensa pobreza em seus países, para as nações mais ricas. Aumento da acumulação de riquezas em poucas mãos, dois terços da riqueza do mundo são acumulados por 1% da população; 700 milhões de pessoas passam fome, o equivalente a 10% da população mundial. Tais impactos vêm provocando alvoroço mundial, medo e apreensões inclusive nas nações mais ricas e insensíveis a tudo isso, pois continuam em seus propósitos de dominação até com ameaça da 3ª. Guerra Mundial. Lembro que as duas Guerras Mundiais do século passado foram provocadas pelas disputas entre nações capitalistas pela hegemonia econômica e política internacional. O capitalismo como sistema socioeconômico repete fracassos dos sistemas anteriores e por certo terá também o seu fim. Está a cada dia mais evidente que o capitalismo provoca a sua própria destruição – é exatamente o que estamos testemunhando hoje. Se a humanidade sobreviver ao capitalismo, mesmo com risco iminente de guerra nuclear mundial, qual sistema o substituirá? Não importa o nome que se venha dar, com certeza será um sistema de Economia Solidária. Quem viver verá!