Opinião

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24 de novembro de 2023

PAULO NATIR

Vidas negras importam

O dia 20 novembro é uma data muito simbólica quando celebramos a Consciência Negra. Essa data é propícia para recordarmos as lutas raciais ao longo dos anos pelo fim da opressão provocada pela escravidão. Essa data especial também se refere a morte de Zumbi – importante líder do quilombo dos Palmares – situado no Nordeste do Brasil. Nossa história registra que foram quase 350 anos de duração da escravidão e do tráfico das populações negras da África para o Brasil.

Gostaria que fosse diferente, mais o Brasil é um país racista que possui uma dívida histórica com a raça negra. Fomos, por exemplo, uma das últimas nações na América a abolir a escravatura (1 888). Hoje principalmente jovens e adolescentes são as principais vítimas desce histórico de violência.

No Brasil a enorme discriminação acontece até em estádios de futebol. Sempre há alguma equipe sendo punida pois seus torcedores entoaram os gritos “macaco” com o objetivo de ofender algum jogador adversário. Somente em 1 989 o racismo se tornou um crime inafiançável em nossa nação. Já a Lei das Cotas que beneficiam negros e afro descendestes só foi instituída em 2 012. Só agora o governo brasileiro criou o ministério da Igualdade Racial. A luta por direitos deve ser travada todos os dias para reduzirmos diferenças.

A situação de vulnerabilidade dos negros no país é muito preocupante. A maioria dessa população é desfavorecida socioeconomicamente. Eles são as principais vítimas da violência. No Brasil e nos Estados Unidos os negros correm mais riscos de serem mortos pela polícia. A ocultação do racismo em nosso país também evita que essa discussão seja feita nas esferas públicas.

Dados nos apontam que pessoas negras no Brasil têm quase três vezes mais chances de serem mortas pela polícia do que uma pessoa branca. Há cada 23 minutos um negro é assassinado em nosso país. Acontece há décadas por aqui um verdadeiro extermínio de negros e afrodescendentes. Isso representa um racismo estrutural em nossa nação. Em outras palavras “é quase normal” o assassinato de pessoas negras e indígenas em terras brasileiras. Já passou da hora de exigirmos democracia racial.

Nossos representantes precisam com urgência de desenvolver políticas públicas que possam atender negros e afrodescendentes. Nos mais variados segmentos da sociedade a presença de negros simplesmente não existe. O Brasil, por exemplo, jamais teve um presidente da República negro.

Que eu saiba o Estado de Minas Gerais também nunca foi representada por um governador afrodescendente. Para concluir a cidade de Passos também nunca elegeu um prefeito negro. Onde guardamos nosso preconceito? Tenham todos um ótimo dia e viva sempre a princesa Isabel!

PAULO NATIR é JORNALISTA