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Opinião

WASHINGTON L. TOMÉ DE SOUSA

O paraíso não é aqui, mas o inferno pode ser – o caminho do bem

Já se vão quase quatro mil anos de conflito entre judeus e árabes, povos meio-irmãos por parte de pai (Abraão) segundo a Bíblia (capítulos 16 a 18 do livro do Gênesis), fato corroborado pela ciência: “Os judeus são os irmãos genéticos de palestinos, sírios e libaneses, e todos eles compartilham uma linha genética comum que se estende até milhares de anos”, afirmam os pesquisadores na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”, publicação da Academia Nacional de Ciências dos EUA. (Folha de S. Paulo, 10/05/2000)

Entre ódios mútuos, pauladas, pedradas, facadas, tiros, expulsões, degredos, expropriações, assentamentos, reassentamentos, sequestros, bombas, foguetes, mísseis, torturas físicas e psicológicas as mais diversas, mortes, muitas mortes… enfim, todo o inesgotável arsenal do ódio e da destruição alimentado e manejado pelos radicais de ambos os lados, em tentativas, infindáveis, de vingança e de eliminação (extinção, mesmo) um do outro, chegou-se até à situação e conflito atuais da tragédia judaico-palestina, ameaçando arrastar, consigo, o mundo árabe e cristão para uma guerra de grandes proporções, tudo isso fortemente influenciado pelo viés religioso fundamentalista e extremista.

É a religião (e também ideologias políticas conflitantes) buscando estabelecer a ‘paz’, pela via da guerra e seus instrumentos. Que grande e evidente contradição que vem se perpetuando ao longo de milênios!

A paz tão almejada, idealizada, utópica e perene, pronta, perfeita e acabada de uma vez por todas, eterna (puxa, quanto reforço!), não é aqui e agora, mas, tal qual a vida, é um processo em desenvolvimento, de construção e cuidados contínuos – é a ‘paz possível’ – que demanda a compreensão de que os conflitos não serão solucionados pelos meios até aqui defendidos e utilizados, afinal, violência só pode gerar violência, sob qualquer ponto de vista (científico – 3ª. Lei de Newton; religioso/metafísico – Lei da Causa e Efeito, e outros).

A ‘paz’ pode até ser imposta, por meios não consensuais e violentos, mas não é duradoura, vai ser rompida mais dia, menos dia, e a história está repleta de exemplos para comprovar (o “acordo de paz” firmado para pôr fim à 1ª. Grande Guerra é um deles, que desembocou na 2ª. Guerra Mundial, pouco tempo depois).

A paz possível de ser alcançada, como processo contínuo de construção e passível de aperfeiçoamento, tem preço a ser pago por todos aqueles que buscam promovê-la e demanda trabalho árduo, empenho e, muitas vezes, sacrifício pessoal (Cristo, Gandhi, Mandela, Itzhak Rabin…) com a mesma força e paixão tal como aqueles que defendem o uso da violência para estabelecê-la. Meras palavras e boas intenções, apenas, não irão promovê-la.

O caminho da ‘paz possível’ é uma construção e deve ser firmado na justiça nas suas mais variadas formas e expressões, sem a qual não se sustentará. Injustiça não casa com paz. E a paz tão almejada por Israel, pelos palestinos e por todos os homens de boa vontade deve ser permeada pelo amor, pela verdade (ainda que doída) e pela justiça (para todos). (Sl. 85)
Saúde e paz a todos!

WASHINGTON L. TOME DE SOUSA (Reflexões @washingtontomedesousa – Youtube), bacharel em Direito, ex-diretor da Justiça do Trabalho em Passos, escreve quinzenalmente às quartas, nesta coluna

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