4 de abril de 2023
PAULO NATIR
É ingenuidade a paixão avassaladora que move muitas pessoas, principalmente, em períodos eleitorais. No pleito do ano passado o país acompanhou a eleição mais polarizada dos últimos tempos. O mundo assistiu uma disputa tão acirrada marcada inclusive com ações violentas. Em alguns casos o ringue deixou de ser as redes sociais e as disputas terminaram em morte na vida real. Eu pude acompanhar algumas famílias amigas em pé de guerra.
Uma turma até então muito unida que literalmente se afastou por tendência política eleitoral. As pessoas até se matando por suas preferências partidárias e os políticos vivendo em um mundo muito distante criados por eles onde vivem articulando e exercendo seus duvidosos poderes.
A maioria das pessoas discutem políticas como se estivessem discutindo futebol. A falta de informação é tanta que muitas vezes o eleitor nem sabe o partido por qual seu candidato está disputando a eleição. A última disputa eleitoral é prova disso. Os bolsonaristas atiravam pedras em Lula criticando sobretudo a corrupção desenfreada registrada em suas administrações.
Porém os admiradores do ex-capitão ignoravam o fato do ex-presidente pertencer ao famigerado PL – comandado pelo ex-deputado Valdemar da Costa Neto condenado por corrupção passiva e lavagem de lavagem de dinheiro no gigantesco episódio de corrupção que ficou conhecido como mensalão do PT.
Há quase 100 dias do governo Lula (3) a administração federal não é nem sombra do que foi a administração petistas durante os dois primeiros mandatos do ex-metalúrgico. Lula não mantém a eloquência nem em suas oratórias. O desempenho do petista visivelmente está comprometido. Já na campanha Lula dava sinais que não era o político de antigamente.
Porém ainda é cedo para falar que o governo é um desastre. O escritor Paulo Coelho já “chutou o pau da barraca” e disse que o atual governo é um fiasco. Um ponto que sempre me preocupou é o possível rancor do ex-presidente por ter passado mais de um ano atrás das grades. Acho que o sentimento de vingança já está em curso.
Um sinal está nas declarações do presidente de não obedecer a lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República para escolher o novo PGR. O mandato do atual procurador, Augusto Aras, termina em setembro. Desde 2 003 os governos petistas sempre escolhiam o procurador através da listra tríplice elaborada pela categoria.
Em nota a associação dos procuradores afirmou que o modelo de escolha, já adotado por Lula em seus mandatos anteriores, permite transparência e está mais alinhado à Constituição. O presidente não é obrigado a escolher um dos nomes da lista porém de 2 003 até 2 019 os presidentes seguiram esse modelo. Jair Bolsonaro interrompeu essa tradição e escolheu um nome fora da lista.
No cargo o procurador indicado (Augusto Aras) usou todo seu poder para blindar o presidente – esse fato gerou inúmeras críticas inclusive por parte da associação nacional da categoria. Aras foi um verdadeiro advogado geral da União. Após o presidente indicar um nome cabe o Senado sabatinar e votar se acata ou não o nome. Uma das atribuições do PGR é investigar o presidente da República.
Algumas entidades acham que o presidente deve indicar o procurador ao seu bel prazer e não ficar refém de nenhuma instituição, segundo essas entidades o constituinte deu esse poder ao presidente para o chefe do Executivo não ter nenhuma pendência ao escolher um nome.
Já outros setores avaliam que a indicação livre daria ao presidente uma “proteção” mediante possíveis investigações. Esse é o Lula que temos para hoje, ou seja, uma nociva ação de Bolsonaro sendo modelo para o ex-líder sindical. E o povo como sempre que “se exploda”. Tenham todos uma abençoada Semana Santa!
PAULO NATIR é Jornalista