Opinião

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23 de outubro de 2023

Luiz Gonzaga Fenelon Negrinho

Zonas de perigo

Cinco bandidos explodem um caixa eletrônico no centro nervoso de uma capital qualquer. Com um aparato comum para facínoras do gênero, o elemento utilizado para a explosão foram algumas bananas de dinamite. O cheiro forte e o rompante foram de uma incursão bem ao estilo bélico, de guerra mesmo, estrondo dado a conhecer a longa distância. Nada diferente disso.

Fato é que com o impacto, o terminal bancário ficou totalmente destruído, pessoas ficaram sem chão. O caixa deixou de servir os usuários e os meliantes levaram uma boa quantidade de dinheiro, cujo numerário fora amealhado em meio a muita confusão no interior da agência.

Até então não há notícia do paradeiro dos malfeitores. Antes da fatídica ocorrência, os abusados haviam visitado dois postos de combustíveis e uma loja de conveniência, ocasionando mais distúrbios sociais, pavor, já que o modo de operarem é o mesmo: sempre com armas de grosso calibre em punho, prontos para utilizá-las, com ou sem pretexto ou reação. E quem disse que os atrevidos se preocupam com câmeras de segurança ou coisa que o valha? Não ligam para nada. Uma chaga a mais no leproso jamais será “causa mortis”. Estão entorpecidos, sob o efeito de alguma droga pesada.

Um especialista em segurança pública declarou numa rede de tevê que não existe mais áreas de risco ou zonas de perigo. Na iminência dos resultados, até quem comanda ou combate o chamado crime organizado se sente indefeso, sem condições de enfrentamento à altura.

As empresas em geral lutam com as dificuldades naturais. Mas, não. De repente, não mais do que de repente, homens armados e sem escrúpulo algum invadem o comércio, ameaçam, constrangem, utilizam funcionários como reféns, sendo o comum trancarem-nos no banheiro até a consumação do delito, o que não leva mais do que alguns minutos. Depois, levam o que podem, sendo que, na parte externa, existe sempre alguém como suporte para auxiliar o comando operacional dos assaltantes.

Sabe-se que muitas dessas empresas não dispõem de nenhuma segurança, como câmeras de vigilância. E se houvesse? De nada adiantaria, pois, como assegurado anteriormente, a identificação não passará de mera especulação, o que se lamenta profundamente. E por acaso os assaltantes se preocupam se vão ser pegos ou não, flagrados e presos por atos de subtração do alheio? Ao que tudo indica, não. São atrevidos senão destemidos. O inverso é verdadeiro.

Quanto custa mesmo um encarcerado ao Estado, aos cofres públicos, aos contribuintes deste país que tem tudo para dar certo? Com certeza é bem mais do que um professor de ensino médio. Pouco não é, os detentos e encarcerados são exigentes, tempo não lhes faltam, são portadores de regalias, ao contrário dos trabalhadores comuns, que além de ganharem mal, não são dignos de atendimento médico e odontológico, alimentação satisfatória, estudos regulares e de boa qualidade etc.
Que país é esse em que a própria polícia se sente constrangida com as intimidações dos bandidos que não só aprontam, mas se aprontam com as mais sofisticadas aquisições de materiais bélicos?

E para subjugar a sorte dos cidadãos de bem, temos que a legislação penal mais beneficia do que impede as atitudes dos transgressores da justiça. Trata-se de equação simples: a polícia faz o seu papel. Prende e trancafia. O poder judiciário julga e solta rapidamente com múltiplos benefícios pelas brechas da lei, como a redução das penas, sob vários aspectos.
De quem é a culpa? A culpa é do Estado e de nossos legisladores. Reféns somos todos nós, inclusive a própria polícia militar e civil.

É uma angústia só, de fazer dó. A sociedade brasileira paga um alto preço pelo comando de incontroláveis problemas sociais. A conta vem exarada com o carimbo oficial do alto escalão do governo, o qual assiste em cadeira especial todo o desenrolar de um processo em que no frigir dos ovos os perdedores são todos aqueles que a toda sorte tentam fazer do bem um caminho seguro em busca de uma felicidade que raramente se transforma em agradáveis momentos.
Até quando não se sabe. Claro como o sol é que esse estado de coisas e acontecimentos há muito se converteram numa indesejável guerra civil.

LUIZ GONZAGA FENELON NEGRINHO é advogado (luizgfnegrinho@gmail.com).