Opinião

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4 de setembro de 2023

Luiz Gonzaga Fenelon Negrinho

Cores da vida

Como dizem no popular, o mês de setembro ‘chegou chegando’. Bem à porta de casa, agradável e risonho, o sol. Risonho porque é assim que o sol se mostra. Com ótima cara. Bolachudo, alegre e pomposo. Sol da vida. O que dele se espera: providenciais nutrientes para a saúde.

Alimento para a alma e não tão amigo de resfriados e doenças da pele, porquanto ajuda na defesa do organismo, no combate às dermatites atópicas, essas coceiras chatas que incomodam, especialmente no período da noite e que afetam a qualidade de vida.

Em sendo assim, seja bem-vinda estrela radiante e soberana! Venha para tomar assento em dias que se prenunciam bons, saudáveis e festivos. Estação das flores. Com a despedida do inverno e a chegada da primavera logo se fazendo presente com perfumadas rosas às mãos. Quando paisagens se enchem de cores para a alegria geral.

Há muito se atribui ao mês de setembro o mês das flores. Época da floração das flores. Quando se lembra de festivais de cores vivas a enfeitar a natureza. Vida a ser vivida e preservada nas delícias de mágicos instantes. De lembrar-se, fazer de cada momento a magia de um viver responsável, solene e prazenteiro.

No calendário de sucessivos dias, o apelo ao “Setembro Amarelo”. Pode-se até estranhar. Dedicarmos um dia da folhinha do calendário a desanimados de viver, se no diuturno da indiferença e da covardia, existem promotores e colaboradores do mal, do assassinato em massa. Mas, ainda que maçante e desagradável o tema, devemos encará-lo no necessário e na solidariedade precisa. Tem a ver com a prevenção ao suicídio.

Daí que no dia 10 de setembro se comemora o dia mundial de prevenção ao suicídio. Não se esquecendo que deixar de viver os reclamos e as propriedades que a vida nos proporciona, também há o que se pode chamar de autoeliminação lenta. Há muitos por aí morrendo lentamente e não ligam a mínima para o buraco em que pouco a pouco estão se metendo. “Hábitos” na vida pouco recomendáveis.
Ainda que adversidades e problemas tantos, dissabores de toda ordem, aporrinhações do dia a dia, ainda assim vale a pena viver cada naco da vida.

E quando nos deparamos com alguém pensando que a vida não está lá essas coisas – de repente nem está mesmo (chatices permeiam ramificações do cotidiano), que se busque ajuda profissional. Quão importante a palavra de um psicólogo, e afins, nessas horas. Na inteireza da virtude do positivo, a crença é de que resposta satisfatória virá para desconsolados seguirem em frente.

De larga sabença – nunca é demais repetir – se a vida por aqui não está boa, quem garante que noutra “vida” ou “noutra dimensão” vai estar melhor? Sem falar que a vida à qual devemos ser obedientes nos foi outorgada com o dom da graça, com o intuito de que dela cuidemos com o devido respeito. Então nada mais natural pensar nisso. E em não botando fé, paciência!
E vamos adiante. É pra frente que se anda. Na firmeza e aderência da fé cabocla: para o ano será melhor!

Conveniente saudosismo, feliz gesto de recordação, a amiga nos convida a toques no passado. E na vitrola, a audição de um single da orquestra de Billy Vaughn, 1961, arranhando sensibilidades de tempos que se foram e subitamente teimam voltar para ritmados arrepios: “Quando Setembro Vier”.

E veio. E chegou. Façamos dele bom proveito. Para a magia de horizontes perdidos e achados, na multiplicidade de cores a enfeitar ricos e belo-horizontes.
Lá no alto, a pino, sorrindo alegre para vidas em sequência, o sol. Ele que insiste que vivamos dia após dia o esplendor da glória a cada um ofertada para a sublimidade e consciência de cada etapa.

E para setembro que aí está, um dedo de prosa da canção de Beto Guedes: “Quando entrar setembro/E a boa nova andar nos campos/Quero ver brotar o perdão”. E que o perdão seja efetivado para o bem de todos, sobretudo, de quem perdoa. (Sol de Primavera, 1979)

Aprendida e vivida em educandário de satisfatório e santificado templo, tomemos como mantra a pequena frase. Pode ser uma boa. É uma boa. “Eu consigo!”
E, em expressiva invariável, viva o sol e a primavera! Fonte de calor e energia, vida por conjugação.

Luiz Gonzaga Fenelon Negrinho, advogado, escreve aos domingos nesta coluna. (luizgfnegrinho@gmail.com)