Opinião

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28 de agosto de 2023

Luiz Gonzaga Fenelon Negrinho

 O político Kajuru

O polêmico e incompreendido senador Jorge Kajuru (PSB-GO), do Bloco Parlamentar da Resistência, está em xeque e em choque. Deixou de gastar o que lhe era de direito gastar, e ao que parece, está chateado e diz que não valeu a pena. Embora não fale claramente, mostra-se arrependido por suas atitudes.

Esse “não valeu a pena” é por conta de analises frias exteriores. Segundo ele – faz por demonstrar através de dados financeiros – não gastou nada mais que o seu salário. O restante, que não é pouco, na verdade um despudorado exagero, está zerado.

Por exemplo, deixou de gastar com locomoção, hospedagem, alimentação e combustíveis, passagens aéreas, serviços de segurança, aluguel de imóveis para escritório político, contratação de serviços de apoio ao parlamentar, entre tantas benesses. Será que é assim que deve ser? Vespeiro adiante.

Quando se elegeu senador pelo estado de Goiás, em 2018, seu primeiro grande e bombástico projeto foi exatamente reduzir pela metade os benefícios e gastos dos congressistas. Em vez de gastar com salários e vantagens, que se destinasse parte desses recursos à educação. A princípio, carradas de razão assiste ao congressista paulistano, já que cada senador custa uma fortuna aos cofres públicos, ao passo que a educação alarga horizontes, além de desenvolver pensamento crítico e moral a quem a ela se submete.

Nem é preciso dizer que o combativo senador pegou briga gigante com seus pares. Em sã consciência, quem gostaria de tirar do seu para dar ao outro? Em tese, complicada e indigesta temática. Ainda mais em se tratando de político que, de um modo geral, precisa investir para aparecer, ou seja, gastar com publicidades e também para agraciar seus eleitores e aliados para a sua desenvoltura e performance.

E ao tempo que fala de si em relação à isenção e transparência, a bronca maior de Jorge Kajuru é com os gastos faraônicos e desnecessários por parte da governança anterior – numa boa leitura e desenho – os 4 anos do governo Bolsonaro e os recursos dos cartões corporativos. Diárias com alimentação e hospedagem.

E os milhões, híbridos ou não, se sucedem. Se bem que comparados às verbas disponibilizadas para Lula e Dilma, nos seus governos, tudo leva a crer que Bolsonaro gastou menos, algo como R$27,6 milhões. Ou seja, é preciso avaliar com muito critério, a não se cometer injustiça.

Assim como quem ficava com os cartões. Quanto a Bolsonaro, ao que parece, havia 3 cartões. Um estava zerado, o de Bolsonaro. Os outros dois, nem tanto. Portanto, é preciso cuidado nas análises e comparações.

No que tange ao governo atual, embora seja da base aliada parlamentar, não deixa por menos. Diz-se independente e não poupa críticas a Lula e seus ministros. Uma espécie de morde e assopra. Em especial, que não deve haver amadorismo principalmente por parte do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o amigo mais direto e fiel de Lula. E se tome precaução, já que Lula não é nenhum Nelson Mandela.

A julgar por suas críticas e convicções, sua maior preocupação quanto aos ataques do dia 08 de janeiro de 2023, Kajuru não deixa barato. Aponta o triste episódio como um dos maiores desastres históricos do país. Diz ser contra a ideia de que o presidente Lula sabia de antemão dos fatos.

E ainda que mantenha ligações diretas com alinhados do presidente Bolsonaro, não poupa críticas aos presentes doados pela Arábia Saudita. E vai além. Inobstante o carinho pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, por quem nutre especial carinho, e o próprio colega de Senado, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), de quem recebe “carinhosos beijinhos”, no bom sentido, é claro, o caso das joias cheira a propinas dos Sauditas. E que deve ser apurado com o rigor da lei.

E antes que termine o texto que se propõe enxuto, a última de Kajuru é que se coloque um basta na reeleição dos cargos do poder Executivo (presidente da República, governador e prefeito). De sua autoria, o texto da PEC 12/2022, que também aumenta de 4 para 5 anos o tempo de mandato para quem ocupar os cargos a partir de 2030. Segundo Kajuru, pelo princípio da alternância de poder, é preciso evitar o tradicional “convite à corrupção e o desestímulo à boa gestão”.

No que diz respeito às cotas para exercício da atividade parlamentar, milhões na pauta, híbridos ou não, doravante é aguardar se o senador Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser (PSB-GO) manterá sua rígida posição de gastar o minimamente necessário, ou se haverá, digamos, flexibilização nos procedimentos orçamentários.
Só o tempo dirá.

Luiz Gonzaga Fenelon Negrinho, advogado, escreve aos domingos nesta coluna. (luizgfnegrinho@gmail.com)