Alberto Calixto Mattar Filho
Livros, o segundo volume
Em 2017, publiquei um texto sobre um dos tipos de desejo meio que irresistíveis que nos tomam e que necessitamos expulsar dos limites do pensamento. Finalmente vinha à luz o lançamento do meu primeiro livro. E só veio porque tive que ter a coragem indispensável de ir ao trabalho, ao palco, aos riscos.
Bom, satisfeito o ímpeto e obtido um êxito que superou minhas expectativas, eis que as tentações começaram a dar novamente sinais de vida e me incomodar para uma nova aventura: o segundo volume.
Quem aqui me acompanha sabe que, sobretudo nos últimos três anos, tenho comparecido a esta página para trazer opiniões sobre muitas obras literárias. Algo como um impulso de tornar pública minha admiração por todas.
Confesso que a literatura até se transformou em espécie de remédio para mim nesse imenso panorama de notícias, conflitos, comunicações instantâneas e crises de toda ordem. Tudo sob os fluxos do que há de mais efêmero e, por vezes, tedioso.
Sim, pois a literatura possui uma condição fundamental: ser eterna perante o turbilhão de fatos cotidianos que se sucedem à velocidade da luz. Mudam as circunstâncias, mas os prazeres, as angústias, o amor, o ódio e tudo o que é duradouro e essencialmente humano estará ali, nas páginas das grandes obras. Eis o fascínio da vida em suas múltiplas faces.
A literatura assim representa uma viagem ao íntimo de nós próprios por terras e mundos muitas vezes distantes. Vamos aos anos e séculos de Shakespeare, Dostoiévski, Thomas Mann, Graciliano, Machado, Guimarães, Rachel, Clarice, Vieira, Kafka, Roth, Saramago e outros, mas, em todos eles, deparamos com a nossa complexidade independentemente de tempo e espaço.
Lembre-se, no entanto, de que a literatura, como qualquer ato de escrita, também é forma, alcance linguístico e talento para o uso das palavras aptas a narrar a variedade das histórias e a construção dos personagens. A forma a serviço do conteúdo, ou o conteúdo se harmonizando com a forma, binômio inseparável para quem se dispõe a escrever.
Como um pintor que se dedica minuciosamente aos tons das cores, ou o instrumentista nos refino dos acordes, o escritor tem diante de si um profundo acervo de palavras sobre o qual deve refletir com absoluta entrega para fazer nascer o seu romance, novela, conto, crônica, artigo, memórias, ensaio ou versos.
Ora, num Brasil que ainda lê muito pouco, a imersão nas páginas dos livros se relaciona com o verdadeiro desenvolvimento, já que fortalece os níveis da educação, da expressão, da cultura e do crescimento profissional em áreas diversas. Aos municípios cabe, por certo, implementar suas próprias metas.
Pois bem, em outubro de 2022, assinei um contrato com a Appris, uma editora de Curitiba, para a publicação do segundo volume de “Livros”. Se, no primeiro, há 50 textos, agora são 60, em 221 páginas, alguns escritos há anos, outros mais recentes, todos já publicados na Folha da Manhã.
Não se trata de nenhum grande estudo. São apenas pontos de vista do que julgo essencial a respeito das várias obras lidas, inclusive com informações básicas sobre os escritores.
Também não nutro jamais a pretensão de intelectualizar o tema. Ou seja, não espero que o que eu escrevo seja admirado ou compreendido somente por aqueles que já transitam pelo mundo da leitura.
Muito ao contrário, alimento o anseio de tornar meu texto o mais claro possível para quaisquer tipos de leitores, dos mais experientes aos mais comuns. Se o consigo, vocês podem dizer melhor do que eu.
Reconheço, aliás, que a literatura genuína precisa adquirir sempre mais abrangência. Garanto, porém, que o mergulho nas páginas é quase sempre maravilhoso, o que chega a ser um consenso. De qualquer modo, opiniões sobre as obras importam menos do que as experiências que cada um pode vir a ter ao penetrá-las por si mesmos.
Se não sou um crítico literário e ainda me falta conhecer muito, posso dizer, isto sim, que sou um amante dos livros, talvez um dependente da leitura e da escrita. Uma necessidade que – acrescento − vem se acentuando ao longo dos anos.
Ler, para mim, é como respirar, movimentar-me, alimentar-me. É como amar. É como viver.
O segundo volume, que agora lanço ao público, inclusive nas plataformas virtuais, significa, portanto, mais um compartilhamento desse universo que, há tempos, se apossou de mim e que me imponho transmitir a vocês.
Talvez possa ser útil até como um norte para quem almeja trilhar o caminho das infinitas riquezas que literatura nos oferece.
Quem se dispuser a estar presente no dia 24.08.2023, às 20h30, no anfiteatro da Casa da Cultura, aqui em Passos, para uma simples e rápida noite de autógrafos, durante a Flipassos, me deixará muito feliz. Espero-os lá.
ALBERTO CALIXTO MATTAR FILHO escreve quinzenalmente, às quintas, nesta coluna (mattaralberto@terra.com.br)