Opinião

Opinão

15 de janeiro de 2024

Foto: Reprodução

Tempero de mãe

Mamãe Julieta gostava de minha companhia em muitas ocasiões. Em especial junto à mesa da cozinha de casa.
Comedida na fala e no delicioso alimento que preparava para a família, eu cuidava de botar reparo a respeito:
— “Fale alguma coisa, mãe. Muito quieta, parece também não se alimentar direito”.
Calmamente, respondia:
— “Pra quê, filho. Estou reparando”.
Intrigado, questionava:
— “Reparando o quê, mãe?”
Brandura maternal no falar e no senso de observação:
— “Você comer, filho. Come devagarinho, com a boca tão boa!”
Como que num tempo de belas estações, no decifrar de coloridos modos, na leveza de flocos de neve de suaves manhãs de filmes natalinos, me devolvia o olhar com um sorriso gostoso nos lábios.
Mal sabia mamãe. Àquela altura, uma terrível dor de dente — das mais terríveis e cruéis — me perturbava.
Pensando bem, acho que mamãe sabia. Mãe sabe e sente tudo. Não sabia, com certeza não sabia — e ardentemente desejava — era pegar de bate-pronto a dor da gente pra ela e mandar a dor pra bem longe.
Mãe tem dessas coisas bonitas que só Deus para entender e avaliar. No complemento, desenhar um filho na capacidade que a vida exige para dias de valentes e prevalentes dias.
Ensinamentos maternos envolvem benfazeja e aguerrida sorte, cujo filtro nem sempre é observado no livramento das impurezas que a vida oferece e cobra ao final dos produtos e resultados. Não de pouca monta, filhos mal agradecidos para a tristeza do espetáculo.
Sintetizando, bem no popular, respeitosamente, mãe é o cavalo arreado que passa uma vez na vida da gente. Não passa duas vezes à frente. Ame, respeite!

PS: Especial para Cibelinha Rocha.