PASSOS – As representantes das ONGs “SOS Patas” e “Patas Amigas” rebateram as afirmações feitas pelo secretário de Meio Ambiente, Agropecuária e Abastecimento de Passos, Sebastião Domingos, o Neném da Manoela, sobre a presença de cães que frequentam o Hospital Regional do Câncer e a Santa Casa.
Segundo a advogada e voluntária da “SOS Patas”, Maria Deide dos Reis Alves, os repasses de verba pública da prefeitura ocorreram em 2020 e 2021, por meio de uma fatia de dinheiro que foi devolvida pela Câmara à administração municipal, rechaçando a afirmação do secretário que as ONG’s atuam apenas com repasse de recursos municipais para a proteção animal.
“As ONGs não agem apenas com repasses do município. Há anos atuamos nas doações da sociedade civil, rifas, bazar da pechincha e trabalho voluntário. Nosso gasto mensal gira em torno de R$4 mil em ração, de R$7 mil a R$10 mil por mês com as clínicas parceiras. Cada atendimento de animal atropelado ou doente que resgatamos gira em torno de R$700 e R$800, porém, se somarmos todos os gastos, mesmo com o auxílio dos repasses de subvenções, não cobrem todas as despesas”, afirmou a voluntária.
Segundo ela, as instituições ainda contam com os recursos das subvenções que podem ser aplicados apenas nos atendimentos, castrações e uma parte para ração, suprindo em média, 50% dos gastos apenas da “SOS Patas”. Já os medicamentos, vacinas e vermífugos não podem ser contabilizados.
Sobre os cachorros abandonados nas ruas, Deide ressalta que não há o que fazer, pois o município não dispõe de abrigo. Além disso, segundo a voluntária, a responsabilidade principal pelo abandono é da própria população, ressaltando que todos os dias aparecem filhotes em caixas de papelão na periferia da cidade, além de cães adultos que são encontrados por todos em todos os bairros.
“O modelo ideal de cuidados com os cães é a atividade comunitária, ou seja, as famílias se unem para protegê-los em seus hábitats, colocando casinhas nas ruas, vacinando e castrando com o intuito de diminuir a proliferação. Precisamos muito de lares temporários e aumentar a castração de fêmeas de rua. Aí sim, se cada uma encontrada no cio, e alguém se predispusesse a cuidar por ao menos 30 dias, o número de animais abandonados diminuiria gradativamente”, disse.
“Coloquem na cabeça de vocês que as ONGs não são responsáveis pelo abandono público. Não temos canil, abrigo e outros locais para recolher cachorros. A responsabilidade é da sociedade em geral, até porque as ONGs trabalham apenas com voluntários que têm seus afazeres diários, o emprego e só ajudam nas horas vagas. Não houve nenhum contato de alguém da secretaria e da direção da SOS Patas, como foi publicado no jornal de hoje (ontem)”, completou Deide.
De acordo com a voluntária da ONG “Patas Amigas”, Angélica Esper, confirmou que os repasses municipais são aplicados em atendimento veterinário, castração de animais em situação de rua. Quanto ao trabalho de recolher esses animais nas ruas, não é obrigação da entidade.
“Oferecemos atenção aos atendimentos, principalmente às castrações. Em 2021 e 2022, por intermédio da vereadora Gilmara Oliveira, uma importante medida para o controle populacional de cães e gatos foi feita. O abandono de cães e gatos pelos tutores sempre foi o maior dos nossos problemas. Estamos vivendo uma situação extremamente difícil, uma ‘epidemia do abandono’, e os maiores responsáveis por isso, são as pessoas descartando animais como lixo. Cabe lembrar que o abandono dos bichinhos, além de ser uma atitude covarde e desumana, é crime de maus tratos e está sujeito a detenção”, afirmou Angélica.