Destaques Geral

Oficina Sebastião Furlan completa 30 anos em Paraíso

15 de julho de 2024

Kayho Rodrigues, Katia Mumic, Danilo e Edna Maldi dão continuidade a obra e a arte de Sebastião Furlan / Foto: Divulgação

S. S. PARAÍSO – Há 30 anos era fundado em São Sebastião do Paraíso um grupo de teatro que se tornou referência para artistas da cidade e região. Quando se fala na Oficina de Artes Cênicas Sebastião Furlan as pessoas se deparam com mais do que uma tradição, também um legado do teatrólogo e educador que construiu sua história em atividades culturais na região. Professores como Katia Mumic e Kayho Rodrigues são alguns dos nomes que mantêm a tradição na promoção da arte teatral em Paraíso.

O nome do grupo é uma homenagem a Sebastião Furlan, educador que realizou atividades culturais no Sul de Minas. O que não se imaginava é que um trabalho iniciado nos anos 90 pudesse se tornar tão duradouro e gerasse tantos frutos.

Atualmente, a Oficina é conduzida por Katia Mumic e por Kayho Rodrigues com apoio da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços, com a cessão do Teatro da (Acissp) para a realização das atividades. As aulas acontecem toda quarta-feira, às 18h30, no Teatro Acissp.

Ao longo dessas três décadas, centenas de pessoas já passaram pela oficina e dezenas se tornaram profissionais do setor cultural.

O grupo recebeu homenagens e ganhou prêmios, entre eles o Cena de Minas do Estado de Minas Gerais, conquistado em 2014 e 2016. Com a Lei Paulo Gustavo, os organizadores do grupo estão em busca de recursos que possam ajudar a patrocinar o trabalho.

Para Edyna Maldi Borges, uma das cofundadoras da Oficina, onde atuou como diretora até 2008, e que possui especialização em Arte e Criatividade e Licenciatura Plena em Educação Artística pela Universidade de Franca, a frase ‘um povo sem memória é um povo sem história’ reflete um sentimento que ilustra a realidade.

“Como é bom fazer parte desta história. Juntas, eu e a Kátia Mumic iniciamos e voamos para ensinar a arte teatral como águias com ânsia de amor, alegria e carinho”, afirma. A professora conta que o desafio foi aceito, riscos foram assumidos, “mas valeu a pena, semeamos, plantamos e muitos frutos brotaram”, avalia. Ela fez graduação em Piano pela Faculdade de Música de Ribeirão Preto e tem experiência na área de Artes, com ênfase em Música, Teatro e Artes Plásticas.

Professores ressaltam importância do teatro e da arte no município

O também professor Caio Márcio Rodrigues David, que artisticamente é conhecido como Kaiho Rodrigues, tem vivido intensamente este período da Oficina Sebastião Furlan.

Licenciado em Teatro pelo Centro Universitário Ítalo Brasileiro e em Artes Visuais pela Universidade de Franca, há 14 anos trabalha com a iniciação de crianças e jovens no teatro, é professor de Arte e Teatro das redes pública estadual (Escola Estadual Paraisense) e privada (Colégio Galileu).

De 2010 a 2018 esteve à frente do grupo de teatro estudantil “Paraíso: Cia de Teatro”. Entre 2021 e 2022 foi presidente do Conselho de Políticas Culturais do município, onde atualmente é membro do Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural. Desde 2016, é diretor teatral na Oficina.

“Fazer parte do time de diretores da oficina é uma honra, pois a oficina tem um trabalho sério e muito disciplinado com arte teatral. Trabalho com teatro há quase 15 anos e desde 2016 estou na oficina”, conta.

Desde então cita que percebe o crescimento de seu trabalho e atuação. “Tenho desenvolvido cada vez mais juntamente com a minha parceira de trabalho Katia Mumic e junto com todos que tenho tido a oportunidade de atuar”, descreve.

Kátia Mumic é cofundadora e diretora da Oficina de Artes Cênicas Sebastião Furlan, na qual já dirigiu e produziu mais de 50 espetáculos teatrais desde a sua criação em 1994. É professora aposentada pelo estado e pelo Colégio Paula Frassinetti.

“Nós vivemos o teatro, o amor e a arte. Vivemos a vida através da arte, do amor, dos gestos e das encenações. Vivemos um pouco da inspiração divina. E através da arte do amor, vamos atingindo a alma, o ser e a nossa libertação interior” aponta.

Para ela, “a arte, apesar de imitar a vida, nos faz voar para lugares diferentes, nos faz sonhar e criar mundos melhores, mais bonitos, mais humanos e mais justos. É assim que levamos a arte a milhares de alunos em São Sebastião do Paraíso”, acrescenta.

Marcelo Oliveira é professor de Artes pela Universidade Claretiano, ator pelo Teatro Escola Macunaíma de São Paulo (SP) e pela Escola de Arte Dramática ( EAD) da Universidade de São Paulo. “Não posso deixar de ressaltar aqui que a minha vida na arte só existe, ela só aconteceu a partir dos ensinamentos da minha professora tão amada e querida, a dona Edyna, que foi minha primeira professora de artes na vida”, relembra.

Atualmente em Belo Horizonte e com quase 30 anos de teatro, ele afirma que jamais esquece do período entre 1988 e 2002 quando teve atuação direta na oficina. “Foi uma fase quando eu pude compartilhar um pouco do meu conhecimento, da minha experiência com a oficina Sebastião Furlan. Esse projeto tão digno, tão humanista e tão importante para a cidade. Desejo a vocês, vida longa esse projeto”, acrescenta.

A Oficina de Artes Cênicas recebeu o nome de Sebastião Furlan, em homenagem a um dos mais dedicados entusiastas do teatro na região. Sebastião Furlan foi membro da Academia Paraisense de Cultura e responsável pela criação da Cia Libertas de Teatro, um dos primeiros grupos de teatro de Paraíso. Furlan também foi professor de Língua Portuguesa, dramaturgo, encenador, jornalista e foi diretor da Escola Estadual Paraisense entre 1985 e 1990.