Luciene Garcia
PASSOS – Prefeitos de cidades da região e lideranças do setor de turismo nos lagos de Furnas e Peixoto comemoraram a decisão do governo do Estado de São Paulo que oficializou, no último fim de semana em Buritama, região de Araçatuba, um contrato para a retomada das obras de ampliação do canal de navegação de Nova Avanhandava, na hidrovia Tietê-Paraná.
O processo de derrocamento do pedral, que é a fragmentação da rocha por meio de explosão, estava paralisado desde 2019. Para possibilitar a navegação da hidrovia, exigia-se a liberação das águas represadas na bacia do Rio Grande, a partir do Lago de Furnas.
Esse projeto teve início em fevereiro de 2017, quando o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também esteve em Buritama, mas estava paralisado desde 2019. A sessão da licitação para contratar a obra de retirada de rochas submersas (derrocamento) do canal de Nova Avanhandava aconteceu em outubro do ano passado e, de acordo com o que foi divulgado no evento, nos próximos dias deve ser emitida a ordem de serviço para que as obras comecem em até 30 dias.
Investimentos
Serão investidos cerca de R$ 300 milhões e, de acordo com o que foi divulgado, devem ser gerados 1,4 mil empregos, entre diretos e indiretos. O contrato prevê a remoção de 552 mil metros cúbicos de rochas, o que equivale ao volume de 600 piscinas olímpicas.
Com isso, haverá um aprofundamento do canal em 3,5 metros, com largura de 60 metros, ao longo de 16 quilômetros de extensão, melhorando a navegabilidade. O investimento também permitirá maior flexibilidade na operação das usinas hidrelétricas de Furnas, Mascarenhas de Moraes (Peixoto), Três Irmãos e Ilha Solteira, eliminando eventuais conflitos entre navegação e geração de energia.
O governo do Estado de São Paulo aponta que, para não prejudicar a produção de energia, entre 2014 e 2015 e 2020 e 2021 a navegação na hidrovia foi interrompida, por 20 meses e sete meses, respectivamente, devido ao baixo nível da água.
Alago
Este ato do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, poderá contribuir em muito para Minas Gerais, especialmente para ajudar a manter o nível da água no Lago de Furnas em um patamar mais elevado. Isto porque, sempre, era necessário gerar mais energia na Hidrelétrica de Furnas para turbinar mais água e contribuir com a elevação do nível no canal por onde trafegam as embarcações da hidrovia, ou seja, usava-se a água do Lago de Furnas, Peixoto e outras usinas para possibilitar a navegabilidade.
“Agora, com a retomada das obras, cuja primeira ordem de serviço ocorreu em 2016, poderá resolver de vez essa questão, pois a retirada do pedral possibilitará a navegação com menos água no canal da hidrovia”, afirma o secretário-executivo da Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago), Fausto Costa.
Sustentável
A secretária de Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, Natália Resende, esteve presente e chamou a atenção para o caráter sustentável da obra. “Para se ter uma ideia, a distância percorrida transportando uma tonelada de carga com um litro de combustível é de 25 quilômetros pelo modo rodoviário, 85 quilômetros pelo ferroviário e 220 quilômetros pela hidrovia”, disse.
Segundo o Departamento Hidroviário (DH), em termos de volume transportado, uma embarcação do tipo chata, com um empurrador, é capaz de transportar 1,5 mil toneladas. No modo rodoviário, para o transporte do mesmo volume seriam necessárias 43 carretas, de 35 toneladas cada.
Hidrovia Tietê-Paraná
A Hidrovia Tietê-Paraná tem 2,4 mil quilômetros navegáveis e atende, sobretudo, o transporte da produção agrícola até o Porto de Santos, com menor emissão de poluentes, 20 milhões de toneladas de dióxido de carbono a menos ao ano, e custo de transporte reduzido. Com 30 terminais intermodais para carga e descarga de produtos, a hidrovia conecta os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás e São Paulo.
O trecho paulista possui 800 quilômetros, começa na altura de Mogi das Cruzes e termina no município de Pereira Barreto, passando por São Paulo, Santana de Parnaíba, Pirapora de Bom Jesus, Salto, Tietê, Barra Bonita, Ibitinga e Buritama.
No ano passado, foram transportados, pelo trecho paulista, 1,4 milhão de toneladas de cargas, principalmente soja in natura, farelo de soja, milho, cana-de-açúcar e areia.