Opinião

O tempo que o tempo tem

20 de maio de 2024

Foto: Reprodução

LUIZ GONZAGA FENELON NEGRINHO

 

Não me apequenei. Pelo contrário, agigantei-me quando resolvi mudar de atitude e comportamento. Minha vida passou a ficar mais gostosa, mais saborosa, desde o momento que passei a usar a simplicidade e aceitação como propósito de vida.

Pensemos num remédio que dê resposta na viabilidade do tempo que o tempo tem. Com efeito, as oportunidades passam e outras melhores vêm. Podem até pensar em fenômeno vinculado à idade. Nada disso. Não há por que dar importância. Trata-se de uma técnica e posicionamento que funcionam. A grandeza está na fórmula do fazer e acontecer. A chave de tudo está na própria natureza, num bem maior, no que podemos chamar de grandeza divina.

Quem disse que gatinho, ou qualquer outro animalzinho de pequeno porte, não tem o seu universo cuja dimensão material vai além do infinito, deixando de lado o tempo existencial? Ainda que tentemos ao máximo, não sabemos o tempo que o tempo tem. Por mais que brinquemos com esse jogo tão conhecido, tão badalado no mundo espetaculoso do existir, o mais importante é viver intensamente cada instante de nossas vidas.

Não nego que aprendo muito com minha gatinha de Formiga. Gatinha de Formiga! Da cidade
de Formiga, isso sim. Quando acorda e se levanta do seu cantinho, ela faz convenientemente o alongamento que há muito deixei para trás. Nenhum exercício físico. Há muito fora de prumo, rumo e correção.

Penso que a serotonina, substância que atua como neurotransmissor da sensação de bem-estar e felicidade encontra-se também na simplicidade e não na complexidade. No que poderíamos chamar de feijão com arroz à beira do fogão a lenha, sem marinheiro e nem pedrinhas. Só prosa boa, com fartura e com cheiro de delícia gostosa.

Depois de tanto tempo quebrando a ordem das coisas, direcionei meus gostos culinários ao jogo sensato da sobriedade e moderação. Muito a ver com o minimalismo. No cardápio natural, uma sensação prazerosa, incluindo, na evidência, o cafezinho caipira, preparado de maneira bem rudimentar, muito a ver com o cheirinho de terra molhada e abençoada das Minas Gerais. E por falar em terra abençoada, desculpem-me os comerciantes e embaladores de leite que vendem o produto a preço exorbitante. Gostaria de deixar na evidência do anseio a modesta mensagem. Se meu papai do céu permitisse, tomaria o tão precioso líquido – alimento rico em cálcio – direto das tetas das vacas. O chamado consumo reto e sem desvio e nem intermediário. Mas, hoje, não deixam. Dizem, faz mal; é proibido. Não dá leite; dá cana.

E por falar em vivência no campo da simplicidade, tem-se a realçar que, com isso, muitos problemas são neutralizados, ou, pelo menos, diminuídos. Podemos ser proativos, dinâmicos, sem perder o foco. O exemplo disso são os clamores e temores do dia a dia. Ninguém fica livre dos tormentosos desprazeres, ainda que momentâneos.

Nesse caso, tomemos a ansiedade e as aporrinhações a que estamos submetidos, sem exceção. O ideal é planejar, buscar orientação de quem sabe, os profissionais da área e, acima de tudo, nas orações nos limites da crença de cada um. No meu caso é infalível. Não dá para lutar contra marés e correntezas sem apoio espiritual.

E longe de fazer pouco de drágeas substantivas em nível de complemento alimentar para
combater os males dos estresses e situações orgânicas e psíquicas desagradáveis. A expectativa do bom suplanta em muito o espectro do ruim.

Frustrações existem. Inegável. Seres humanos nos decepcionam, muito e sempre. Conformemo-nos com aquilo que nos aborrece, mas precisamos saber que a sorte dos sonhos e do amor vale muito para combater as turbulências que nos afligem. A fé precisa ser exercitada continuamente. Não só faz bem. É essencial e nos conduz a uma melhor qualidade de vida, não obstante continuarmos sendo seres extremamente falhos, desconhecidos
e complexos.

A evitar erros cujas consequências poderão ser fatais, melhor é entregar nossas vidas a quem
nos fez e nos define como quer sejamos e onde quer que estejamos. No mínimo, os entraves serão suportáveis no tempo que o tempo tem. Acaso não soubermos entender a harmonia dos números, entre pares e ímpares, contemplemos o Cosmos na ordem, correspondência e beleza, como dizia Pitágoras no seu tempo, há cerca de cinco séculos antes de Cristo.

E as estrelas, lá em cima, vão continuar nos contemplando – e vice-versa – em vigilância constante e permanente, porquanto sabedoras das ciladas de que somos vítimas, sem que, pobres mortais, inermes, possamos ofertar a mínima capacidade de resistência

LUIZ GONZAGA FENELON NEGRINHO é advogado (luizgfnegrinho@gmail.com).