S.J. BARRA – O comandante do 2º Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais (Batalhão “Humaitá”) da Marinha do Brasil, capitão de Mar e Guerra Carlos Eduardo Gonçalves da Silva Maia, responsável pelo treinamento de Operações Ribeirinhas, afirma que o “Mar de Minas” é vital para o treinamento que está sendo realizado desde a última quarta-feira, 16, na região de São José da Barra, segundo informações da Agência Marinha de Notícias.
“Aqui conseguimos integrar os nossos meios, os Carros Lagarta Anfíbio (CLAnf), com as nossas embarcações de transporte de tropa, além de ser uma área muito propícia para o emprego de operações ribeirinhas, haja vista a importância do ‘Mar de Minas’, que é uma área que tem uma equivalência de quatro vezes o tamanho da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Além disso, conseguimos integrar também os meios aeronavais a esse exercício, já que possuímos aqui uma Base Aérea Expedicionária. Ou seja, conseguimos explorar uma grande parte dos nossos exercícios voltados para esse tipo de operação”, disse o capitão.
Até este domingo, 20, cerca de mil fuzileiros navais da Marinha do Brasil (MB) realizam exercícios na Operação “Furnas 2024”. A operação conta com observadores de 13 países.
O comandante da Tropa de Desembarque, capitão de Mar e Guerra Dirlei Donizette Côdo, que está à frente da organização do evento, ressaltou que esta operação já está se tornando tradicional no estado de Minas e no calendário da MB, que se faz presente em São José da Barra.
“Estamos desenvolvendo o primeiro Workshop Interagências de Cooperação com a Defesa Civil de Minas Gerais. No Rio Grande do Sul já estamos no quinto contingente, estamos desde abril ajudando o povo gaúcho, sofrido com as enchentes, por meio da Operação ‘Taquari II’. Trouxemos muito conhecimento dessa operação, e é justamente esse conhecimento que nós gostaríamos de compartilhar com a população e com as agências mineiras”, contou.
Já nas Operações Ribeirinhas, realizadas no Lago de Furnas, os militares participam de diversos adestramentos voltados para as águas interiores, o que inclui diversas técnicas, como assalto anfíbio, realizado com a utilização de Carros Lagarta Anfíbio (CLAnf), no qual os militares saem dos veículos da água para a terra, e dominam a praia; técnicas de infiltração, como a espinha de peixe diurna e noturna, manobra na qual os Fuzileiros Navais carregam mochilas com cerca de 50 kg cada, além de seus armamentos, enquanto fazem uma incursão nadando, presos por cordas, no formato de uma espinha de peixe e rapel de aeronave, no qual os militares descem de helicópteros UH-15 Super Cougar para realizar uma infiltração na área inimiga.
Segundo a Agência Marinha de Notícias, militares da Alemanha, Argentina, Camarões, China, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Espanha, França, Itália, México, Nigéria, Países Baixos e Peru participam da operação apenas como observadores, não realizando exercícios.
“Essa participação é fundamental como troca de experiência entre as Forças, principalmente para o caso da necessidade de uma operação conjunta entre países”, afirma o encarregado da Comunicação da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), capitão de Corveta Raphael do Couto Pereira.
A operação é dividida em Workshop Interagências de Cooperação com a Defesa Civil; Operações Ribeirinhas; e qualificação e treinamento para manter o nível três da Organização das Nações Unidas (ONU) do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Força de Paz de Reação Rápida.
Este é o primeiro ano que ocorre o Workshop Interagências de Cooperação com a Defesa Civil, que contou com mais de 100 pessoas de aproximadamente 30 agências.
Conforme o comandante da FFE, vice-almirante Roberto Rossatto, a ação da Defesa Civil e das demais agências de Minas Gerais sempre foram exemplares. “É um orgulho muito grande para a Marinha do Brasil poder se juntar a esse grupo de excelência que está aqui”, disse.
Outra parte da operação é a qualificação e treinamento para manter o nível três da ONU do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Força de Paz de Reação Rápida, nível esse que apenas essa tropa possui em todo o País. “Mas o que é isso? A ONU exige que os países que enviam tropas para qualquer local do mundo tenham algum dos três níveis de certificação, sendo o nível três o maior de todos, pois caracteriza que a tropa é de pronto-emprego. Quando a ONU pede por auxílio, exige-se que enviemos os militares em um período de 30 a 90 dias, de forma expedicionária, a fim de que a tropa consiga se manter em qualquer local do mundo”, salientou o Comandante do 3º Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais (Batalhão “Paissandu”), Capitão de Mar e Guerra (FN) Leandro de Lima Santos, responsável pelo treinamento.
Para isso, os militares realizam diversos exercícios, como comboio de autoridade, segurança de instalações, ações de reconhecimento e ações ofensivas e defensivas, sendo que na última delas é uma operação na qual os Fuzileiros Navais precisam defender determinada instalação. “O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), de caráter expedicionário, está sempre pronto para realizar qualquer operação, desde a mais simples até a mais complexa, que é uma operação anfíbia”, aponta.