7 de novembro de 2024
NEI BUENO COMEÇOU NO RÁDIO NA DÉCADA DE 80 COMO FUNCIONÁRIO DA RÁDIO INDEPENDÊNCIA FM; HOJE É EMPRESÁRIO DO SETOR DE COMUNICAÇÃO / Foto: Reprodução
Ézio Santos
PASSOS – O Dia do Radialista é comemorado de forma oficial hoje em razão da data de nascimento de Ary Barroso, músico e radialista nascido em 1903. A Folha ouviu dois profissionais que divergem em relação ao futuro das emissoras de rádio, seja em Passos ou qualquer outra cidade do país, se comparado à popularização da internet, do aparelho de telefone móvel, advento das redes sociais e serviços de streaming.
Para o profissional e empresário Nei Bueno Júnior, proprietário de concessões das rádios Ind FM, antes, Independência, e autorizado a retransmitir o sinal da Jovem Pan de São Paulo, o sinal das emissoras será sempre eterno.
“Não se compara à outras mídias como meio de comunicação que transmite informações, entretenimento ou ideias para o público. Nós ouvimos tudo isso no menor espaço depois que o fato aconteceu. Basta ter aparelhos de rádio ou celular por perto”, afirma.
O radialista acredita que o rádio será eternizado, mesmo com o avanço da tecnologia em todos os sentidos por meio das opções na internet como redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter, Tik Tok…), sites de notícias, blogs, podcasts, vídeos online (YouTube, Netflix…) e jogos eletrônicos.
“Não há fronteira entre a emissora e o ouvinte. As ondas vão longe, sem contar a credibilidade de dezenas de anos no ar. E, juntamente com a internet, forma um par perfeito para levar o que há de melhor em áudio, inclusive com a imagem simultânea dos acontecimentos. Quem falar que não gosta de rádio está mentindo”, brincou Júnior Bueno, de 58 anos.
Para ele, a internet veio contribuir para propagar mais ainda o rádio. “Hoje, onde não pega o sinal por aparelho comum, o ouvinte escuta pelo celular, notebook, computador, TVs por assinaturas e assim por diante. Desculpas não há. Gosto dos seguintes jargões: “Deu no Rádio’ (a notícia) e ‘É o companheiro de todas as horas’ (basta apertar o botão liga)”, celebra o empresário da comunicação em massa.
O experiente radialista desde o final da década de 70 do século passado Cleverton Andrade, de 61 anos, tem outra opinião, principalmente sobre a internet. “O rádio nunca vai acabar, porém está perdendo espaço, principalmente para quem gosta de música. Hoje, as pessoas têm dezenas de opções como sites especializados. É só montar uma playlist de sua preferência e pronto, o rádio fica como segunda opção. É por isso que a juventude contemporânea não curte rádio como antigamente”, disse.
Para o locutor, outro detalhe que faz a audiência do rádio diminuir aos poucos é a safra de cantores e músicas a partir do novo século. “Até os adolescentes gostaram dos hits das décadas de 70, 80 e 90, mas os de hoje, os mais antigos não curtem. Em qualquer tipo de festa, se ouvem ritmos diferentes, como o funk, axé, rap e sertanejo jovem. Sem contar as músicas internacionais que agitam a galera, levando, inclusive, os pais para a pista de dança. Tudo bem que é uma nova geração de artistas que surge, contudo, não surgem sucessos que ficam marcados para o resto da vida”, avalia Clevinho.
Curiosamente o Dia do Radialista é lembrado também dia 21 de setembro, que celebra a assinatura da lei que estabeleceu um piso salarial para os profissionais de rádio, em 1943, durante o governo de Getúlio Vargas.
Audiência
Uma pesquisa divulgada em 2022 pela Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt) revela que três em cada quatro pessoas do interior do estado ouvem rádio e possuem entre 20 e 49 anos de idade. Ouvem ao menos duas horas por dia, 40%; na mesma quantidade ou mais, 58%, comparando-se os últimos seis meses de 2022; e entre os brasileiros, são 83%, aumento de 3% em relação a 2021.
Também no interior de Minas, 75% das pessoas ouvem rádio em aparelhos comuns; 11%, por meio de aplicativos; 21%, pelo aparelho celular; e 21% no rádio do carro. Escutam rádios FM, 88%, e pela internet, 12%.