Leonardo Natalino
PASSOS – Em 1872, quando foi realizado o primeiro recenseamento demográfico no Brasil, Passos contava com 7.653 habitantes, sendo que 5.903 (77,13%) eram pessoas livres e 1.750 (22,86%) eram escravizadas. A população liberta era formada por 2.989 homens e 2.914 mulheres. Entre os escravizados, 987 eram homens e 763 eram mulheres.
O município, então chamado Parochia do Senhor Bom Jesus dos Passos, era uma das 200 que pertenciam à Província de Minas Geraes. O recenseamento foi feito durante o período do império, que era comandado por dom Pedro II. Minas era a província mais populosa do país, com 2.039.735 pessoas, o que representava pouco mais de 20% das 9.930.478 “almas” contabilizadas no censo.
O levantamento reunia dados sobre condições (“livres ou escravos”), sexo, raças (brancos, pardos, pretos e caboclos), estado civil (solteiros, casados e viúvos), religião (católicos e acatólicos), nacionalidade (brasileiros e estrangeiros), instrução (que sabiam ler, analfabetos e os que frequentavam ou não escolas), “defeitos physicos” (cegos, surdos-mudos, aleijados, dementes e alienados), ausentes, transeuntes, e sobre as casas (habitadas e desabitadas).
A pesquisa apontava que todos os 7.653 moradores da “paróquia” de Senhor Bom Jesus dos Passos eram católicos, e que a grande maioria dos homens livres era analfabeta (5.383). Todos os escravizados eram analfabetos, segundo o recenseamento.
Nas informações sobre pessoas com deficiência, em Passos havia 43 moradores considerados “aleijados”, sete cegos, três surdo-mudo e dois “dementes”.
Sobre a cor e raça da população de Passos, 3.965 homens livres eram brancos, 935 eram pardos, 829 eram pretos e 174 eram “caboclos”. A parcela escravizada era composta por 387 pardos e 1.363 pretos.
Entre os moradores estrangeiros daquela época, 70 eram africanos (todos escravizados), três eram italianos e 19 eram portugueses. Todos eram indicados como católicos.
O censo de 1872 também levantou dados sobre as profissões dos moradores de Passos. Na parcela populacional livre, na categoria de “Profissões Liberais”, apenas uma mulher trabalhava, como parteira. Havia dois médicos, três advogados, um juiz e seis oficiais de Justiça.
Entre as profissões manuais, destacavam-se as de lavrador, com 1.804 trabalhadores, entre homens e mulheres – incluindo escravizados; de serviços domésticos, com 1.339; e de costureira, com 800. Ainda de acordo com a pesquisa, 2.809 pessoas não trabalhavam.
Paraíso
O primeiro censo também conta com dados da Parochia de São Sebastião do Paraizo, atual município da região, que passou apenas por uma pequena mudança na grafia do nome. Em 1872, Paraíso contava 6.076 homens livres e 1.540 escravizados, que somavam 7.614 pessoas.