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Não é sobre “fake news”, mas sim pelo monopólio das informações

Foto: Reprodução

NIKOLAS FERREIRA

 

Recentemente tivemos mais uma prova do quão profissional é o jornalismo brasileiro. Desta vez, atribuíram a mim uma crítica feita por um perfil fake que utilizava o meu nome contra um ex-BBB, o qual admitiu ter gastado para fins pessoais parte do dinheiro arrecadado em prol de vítimas da tragédia climática no Rio Grande do Sul. Por meio de uma pesquisa simples já seria possível confirmar que não se tratava da minha conta oficial, mas o básico não foi feito e as mentiras foram replicadas por vários veículos de mídia.

Jornalistas são isentos de erros? Não, assim como ninguém é, independentemente da profissão. Também não defendo que sejam presos por um equívoco, como muitos tiranos querem fazer com seus opositores não por propagarem notícias falsas, mas por falar aquilo que não os agrada.  A questão é que, em várias situações, as falhas não são por engano.

Alguns jornais que publicaram a informação inverídica postaram uma errata corrigindo o que haviam escrito, mas nem todos se corrigiram. E por qual motivo não o fizeram, e provavelmente não o farão, considerando que já se passaram dois dias? Em um dos meus textos, comentei sobre um episódio ocorrido enquanto eu era vereador em Belo Horizonte, quando a TV Globo noticiou que eu havia discursado sem máscara no mesmo dia em que outro vereador estava com sintomas de gripe. Essa mentira segue sem correção até hoje, três anos depois. Se inventam até coisas pequenas como essa, imagine com questões mais sérias.

O jornalismo militante consegue a façanha de mentir para tentar desgastar aqueles que expressam ideias e opiniões contrárias às suas. Concomitantemente, tais comunicadores veiculam propagandas com linguagem persuasiva, implorando para que o leitor se torne um assinante. Essa velha mídia se coloca como a que realmente produz um material de qualidade, baseado em informações verdadeiras, mas isso está muito longe de ser o que acontece na prática.

Faça você mesmo um teste: pesquise em qualquer site de buscas por “Nikolas ataca” e veja os resultados. Simples falas, opiniões e respostas magicamente se transformam em “ataques” quando sou o interlocutor; porém, quando sou o alvo, além de não publicarem o que de fato ocorreu, tentam inverter a narrativa colocando o agressor como vítima. Isso aconteceu de forma explícita, por exemplo, em uma ocasião na qual fui ameaçado por uma deputada do Partido Comunista do Brasil e quando fui xingado pelo vice-presidente do PT, que inclusive usou um termo homofóbico para tentar me insultar.

O mesmo acontece com relação às fake news. O “tribunal da verdade’’ age como um verdadeiro leão para classificar tudo o que incomoda o governo Lula e seus vassalos, mas se omite quando postagens falsas são publicadas por políticos ou militantes de esquerda. Calaram-se durante o período eleitoral em 2022 e assim continuam.

No mês passado, viralizou no X uma publicação de uma deputada do PT de Minas Gerais associando a compra de um clube de futebol mineiro pelo dono de uma rede de supermercados a uma eventual perda de emprego dos atuais funcionários. O motivo? Segundo supostos boatos ouvidos por ela, os cargos seriam ocupados por torcedores que trabalhariam de forma voluntária. Uma notícia não somente falsa como absurda. O post foi excluído após a repercussão negativa, e absolutamente nenhum veículo de mídia comentou a respeito. Curiosamente, a mesma deputada fez uma postagem comemorando a suspensão da minha conta há dois anos e pedindo para que todas as contas de quem “espalha mentiras” fossem suspensas. Ainda estou no aguardo de que ela exclua as próprias redes sociais para manter a coerência.

Por falar em X, a checagem da plataforma, feita por avaliações fontes dos próprios usuários, se tornou uma ferramenta importante, menos para os lulopetistas que frequentemente são desmentidos no microblog. Alguns apenas ignoram e outros excluem o que escreveram após a vergonha ganhar destaque, mas nada que os impeça de continuar com a mesma estratégia, isentos da fiscalização de ministros governistas que acionam a PF ou a AGU somente quando convém. E, claro, se não fosse a mídia independente, jamais seria publicizado.

Por fim, coincidentemente os que geralmente defendem a regulação das redes sociais e o PL da Censura são os que possuem os maiores históricos de propagação de notícias falsas. Nunca foi sobre fake news, mas sim pelo controle das informações e das narrativas. Para combater uma mentira, basta desmenti-la. Se a todo tempo só tentam censurar, é muito provável que sejam apenas verdades incômodas.

NIKOLAS FERREIRA, 26, graduado em Direito pela PUC MG, foi vereador em Belo Horizonte e é deputado federal por Minas Gerais.

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