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Mulheres em cargo de liderança ganham 33% menos que homens

DIRETORAS E GERENTES RECEBEM, EM MÉDIA, R$ 6.798 POR MÊS. HOMENS NOS MESMOS CARGOS GANHAM, EM MÉDIA, R$ 10.126, APONTA ESTUDO FEITO PELO DIEESE SOBRE INSERÇÃO DAS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO / Foto: Reprodução

SÃO PAULO – Boletim especial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre a inserção das mulheres no mercado de trabalho aponta que diretoras e gerentes ganham em média R$ 6.798 por mês enquanto homens nos mesmos cargos recebem R$ 10.126, uma diferença de R$ 3.328 (32,87%). Por ano, esse valor equivale a R$ 40 mil a menos para elas.

Conforme o Dieese, essa média representa todas as empresas do Brasil, de grandes e pequenas cidades, e gerentes e diretores de todo tipo de estabelecimento, não apenas de grandes empresas e multinacionais. Além de diretores e gerentes de grandes empresas, a pesquisa inclui gerentes de lojas e diretores de escolas.

Os dados têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do 3º trimestre de 2024. Segundo o instituto, o Brasil contava com 91,2 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, das quais 48,1 milhões faziam parte da força de trabalho. Dessas, 44,4 milhões estavam ocupadas no período, e 3,7 milhões, desocupadas.

Na menor camada de remuneração, as mulheres que ganham até um salário mínimo são maioria, 37% contra 27% dos homens. O rendimento médio real mensal para elas é menor: R$ 2 697, enquanto para eles, R$ 3.459. Na mesma base de comparação, no caso das trabalhadoras com nível superior, o ganho é de R$ 4 885, ou seja, R$ 2.899 a menos do que o recebido pelos trabalhadores (R$ 7.784). 

Conforme o levantamento, em nenhum Estado brasileiro a média da remuneração mensal feminina supera a masculina.

O tempo tem grande influência nos ganhos salariais. A jornada de trabalho semanal remunerada masculina supera a feminina em 4,3 horas. Já o trabalho feminino sem ganhos financeiros supera em 10 horas o dos homens. O boletim da Dieese mostra que as mulheres gastam 21 dias ou 499 horas a mais em um ano com afazeres domésticos.

O cenário continua desigual por conta da persistência de barreiras estruturais e culturais, avalia a advogada Angélica Petian. Segundo ela, as empresas precisam criar ambientes mais inclusivos, com a “implementação de programas de mentoria para mulheres, políticas de diversidade e canais de denúncia eficazes”.

A Lei de Igualdade Salarial entre Homens e Mulheres (proposição 14.611/2023) trouxe avanços para atenuar a desigualdade de gênero nesse sentido, com mais transparência salarial e penalidades para empresas que não cumprirem determinações. Porém, ainda não é suficiente para ampliar a equidade nas remunerações entre homens e mulheres.

O Dieese aponta que, para haver mais avanços é preciso que manter um debate constante e ampliar a participação de mulheres em espaços de negociações e cargos de liderança. A discussão deve ir além do Dia Internacional das Mulheres, neste 8 de março. 

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