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Mulher, mulher

Por Luiz Gonzaga Fenelon Negrinho

A mulher precisa ser lembrada e respeitada a todo instante da vida. Como diria Clarice Lispector sobre a maravilha da concepção: “Um ser em profundidade”. E não apenas pelos avanços, lutas e conquistas femininas de grande significação histórica. Povos e nações se industrializam e ganham força e resultado pela presença e o trabalho efetivo da mulher. Por que então não volvermos os olhos ao passado, para, de presente, conferir à mulher o que lhe é de direito, já que dela depende o futuro?
Por mais que se manifeste em favor da mulher, ainda é pouco. Historicamente, lembremo-nos do dia 08 de março de 1857, quando tudo começou, com a participação executiva da mulher no mundo do trabalho. Foi numa fábrica de tecidos, com a reivindicação de melhores condições laborais, redução da carga horária, equiparação salarial com os homens e, sobretudo, em razão da dignidade social.

Não há por que não dar o merecido tratamento à mulher no seu dia, que é e deve ser sempre todos os dias do ano. Afinal, a mulher é a nossa indústria forte de combate. É a nossa indústria maciça. Quem não tem uma Maria em sua vida? Seja outro nome. Marta, Giselda, Mirtes, Paula, Cecília, Juliana… Entre tantos nomes a servirem de norte a nos conduzir na pauta das boas perspectivas.

A manifestação se torna bandeira em razão de seus objetivos numa sociedade em que o machismo ainda insiste perdurar. E que bobagem. A mulher é bonita por si mesma. Vejam, estamos falando na mulher, por tudo que representa no cenário universal. A mim me foi conferido o direito à vida, da qual não posso subtrair. Por ventura, não há quem em poesia ousou tocar na poção mágica de mulher em meio ao homem? Por que não?

Diante de tudo e por tudo, do cordão umbilical em diante, temos que conferir e render à mulher o que lhe é de direito e por direito. Sua história se interage com a história. Assim como o amor é tudo, por analogia pode-se dizer que a mulher é tudo. O alfa e o ômega. O princípio e o fim. Melhor dizendo: início, meio e fim de todas as coisas e para todas as coisas.

Bobo quem tenta comparar o homem a ela. A mulher é incomparável. Nem se pede licença ao romancista, poeta e dramaturgo Victor Hugo para falar “enquanto o homem é razão, a mulher é emoção”. O que é isso?

No seu dia – todos os dias do ano lhe pertencem – temos mais que dizer: a mulher simplesmente é. Rendamos à mulher o que é seu. Não o instituto de folhinhas e calendários pela data comemorativa do Dia Internacional da Mulher. Muito mais. A todo instante devemos conferir à mulher muito mais que melhores salários. Sobretudo, o marco responsável em termos de conquista “o nosso amor sincero”. E gratos somos a ela por tudo.

O que seria deste mundo sem a mulher? É mais que sexto sentido; mais que inteligência e sublimidade. É bela, na concepção e expressão de um sereno e purificado existir. Especialmente pela excelsa presença em nosso meio. A propósito, quem somos nós para tentar definir a mulher enquanto mulher? Tentam a todo instante. Quando se nota que algo expressivo falta para compor e selar sua grandeza.
A valorização da mulher não tem que ser comemorada em datas. Tem de ser vivida e reverenciada a cada momento, sob o manto sagrado e ou decreto inalienável e inquestionável do amor maior.

Entre controvérsias tantas quanto à origem, datas de celebração etc., pouco importa. Se 1857, 1910, 1917, ou outro ano qualquer. O importante é a destinação da reverência no seu dia. Mais do que nunca é preciso destacar as conquistas sociais, políticas e econômicas que as mulheres exercem e vêm alcançando nos últimos tempos e enaltecer o seu papel. Antes de nomear as mulheres para bancos públicos e visando à equiparação salarial é preciso mais. Cuidar de todas as mulheres e celebrar a sua vida em composição.

Por último, o Dia Internacional da Mulher popularizou-se no Ocidente a partir de 1975, quando a ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu formalmente a data, com um apelo: “Igualdade de gênero para um futuro sustentável e a necessidade urgente da paridade entre homens e mulheres nos espaços públicos”. Bonito isso.
O movimento reivindicatório dos direitos da mulher começa pela vida que ela nos dá em toda a sua história, a nossa história. A ela, brava gente e mulher, a nossa homenagem em cada dia, em cada folhinha do calendário.

No dizer de Erasmo, O Tremendão, ele que recentemente nos deixou: “Mulher! Mulher! Na escola em que você foi ensinada. Jamais tirei um 10. Sou forte, mas não chego aos seus pés”. (Canção “Mulher”, 1981, Erasmo Carlos)

Nossa homenagem à Rainha do Lar, ainda que sob estrelas, martírio e tempestades.

PS: Muito feliz a escolha de duas mulheres para comandar os destinos da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, dois bancos estatais. Tarciana Medeiros (BB) e Maria Rita Serrano (CEF). Quanto a serem chamadas de “presidentas”, tudo bem que é correto, mas, com todo o respeito, é horroroso.

LUIZ GONZAGA FENELON NEGRINHO, advogado, escreve aos domingos nesta coluna (luizgfnegrinho@gmail.com).
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