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Muito tarde pode ser nunca…

Foto: Reprodução

GILBERTO ALMEIDA

 

“Todo o sofrimento no mundo nasce da incompetência de um indivíduo.”  – Tokyo Ghol

 

O Brasil nunca foi exemplar no que tange a Administração Púbica em todos os seus aspectos. A necessidade de reeleger ou fazer o sucessor, a insistência em obter o Poder pelo Poder transformou nossas políticas públicas em um verdadeiro festival de futilidades e banalidades e com raríssimas exceções os gestores pensam em questões estruturais e planejamento de médio e longo prazo. Em resumo, a mentalidade é a de atacar somente ações de curtíssimo prazo, criar uma moldura e uma embalagem bem bonita para apresentá-las ao povo, colhendo assim benefício eleitorais e a desejada manutenção do grupo político no Poder. Postergar ou  implementar tardiamente políticas e intervenções, pode resultar em consequências severas e irreversíveis para a comunidade. Outro ponto a ser considerado e que precisa ser condenado e evitado, é a morosidade e a inépcia das Prefeituras em realizar suas obras. Antigamente existia a reclamação constante de carência de recursos financeiros,  mas hoje as Prefeituras vivem um momento  que existem recursos financeiros suficientes para realizações, ampliados ainda mais com as emendas parlamentares, mas que esbarram em uma máquina pública incapaz de responder com ações efetivas que garantam e execução de obras e programas. É muito comum Municípios não darem conta de sequer de aplicar recursos e depois de um longo período devolvê-los o que para mim é um diploma ou uma medalha de inaptidão e despreparo exibida no peito dos Prefeitos. A causa maior inquestionavelmente de tanto desazo é a escolha dos assessores adotando o velho e carcomido critério político, resultando em um estafe de desqualificados boçais que após 4 anos nos cargos, não sabem sequer o significado de Nota de Empenho ou mesmo a diferença entre Dotação Orçamentária e Recurso Financeiro. São nomeados por puro apadrinhamento político e parecendo uma maldição, em geral não conseguem exercer minimamente os cargos que lhes foram delegados. Vivem de aplaudir e defender, muitas vezes o indefensável, os gestores que os nomearam e a seus padrinhos. Para uma prefeitura, a ação tardia não só compromete os resultados desejados, mas também pode agravar problemas existentes, tornando-os muito mais difíceis de resolver no futuro. Portanto, é crucial que as políticas públicas municipais sejam implementadas de maneira rápida e eficaz para maximizar os benefícios e minimizar os riscos e custos associados aos atrasos. Investir na agilidade das ações públicas é investir na qualidade de vida dos cidadãos e no desenvolvimento sustentável da comunidade, mas para isto é preciso que os Prefeitos, muitos deles que tanto prometeram ser diferentes na campanha política abandonando a velha política, de fato abandonem essa asquerosa política fisiológica. Pena que  sempre prevaleça.

Podemos exemplificar consequências dessa letargia das Prefeituras nas mais diversas áreas e a mais emblemática sem a menor dúvida é a Saúde que pelas limitações de espaço serão alvo de minhas considerações. Por exemplo, respostas tardias a surtos de doenças infecciosas, como a Dengue , permitem a rápida disseminação da doença, dificultando seu controle e resultando em mais casos e mortes. Atrasos na distribuição de vacinas também podem aumentar o número de infecções e mortes evitáveis. Diagnósticos tardios de doenças crônicas como câncer e diabetes, devido à falta de acesso rápido a serviços de saúde, podem agravar a condição dos pacientes, assim como a interrupção de tratamentos essenciais, além da demanda não atendida das cirurgias eletivas que resultam em agravamento de patologias mais simples evoluindo para doenças graves.

Programas de prevenção e promoção da saúde, se não implementados a tempo, resultam em maiores índices de doenças evitáveis. A falta de serviços de apoio psicológico pode agravar problemas de saúde mental, levando a consequências graves como aumento de suicídios. A  aquisição tardia de equipamentos médicos necessários pode sobrecarregar os serviços existentes, causando longas filas de espera e atendimento inadequado. A falta de investimento na formação e contratação de profissionais de saúde pode deixar comunidades sem atendimento adequado e por fim, mas não menos importante, a dificuldade das Prefeituras em manter estoques de medicamentos que acabam faltando provocando grandes dificuldades especialmente para a população carente que não tem como comprar esses produtos, gerando uma cruel piora na saúde dessas pessoas, por pura incompetência administrativa.

Portanto, é crucial que governos e autoridades de saúde ajam de forma rápida e eficaz, investindo continuamente em saúde pública e mantendo planos de contingência para emergências. A demora na implementação de ações públicas na saúde pode transformar problemas tratáveis em crises severas e irreversíveis, destacando a importância de ações proativas e planejamento antecipado.

Embora as considerações aqui descritas se refiram às prefeituras em geral, devo confessar que a inspiração para escrever esta coluna, veio do problemático Sistema de Saúde de Passos, que parece padecer de todos os problemas aqui elencados, sem no entanto merecer de Sua Excelência o Senhor Doutor Prefeito, a necessária atenção para reverter uma crise que perdura por todo o seu governo e parece não ter fim. A participação popular, por outro lado, fica seriamente comprometida diante de problemas seríssimos no Conselho Municipal de Saúde sem que o problema seja tratado, nem mesmo nos espampanantes vídeos de Sua Excelência.

E #vamuprariba!

GILBERTO BATISTA DE ALMEIDA é engenheiro eletricista e ex-político, escreve quinzenalmente às quintas nesta coluna

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