S. S. PARAÍSO – Mulheres cafeicultoras de São Sebastião do Paraíso e região se reuniram para um encontro anual e lotaram as dependências do Teatro Acissp na noite de terça-feira, 23.
Em pauta temas como mercado, comercialização e outros assuntos relacionados à produção de café. O evento foi promovido pela Associação Mundo Mulher Café (MMC), que foi criada em Paraíso há cerca de um ano e tem como objetivo promover o conhecimento e desenvolver habilidades femininas na cafeicultura, além de criar conexões entre elas no mercado.
Associações similares existem em Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e em outros estados do país. Segundo especialistas, o mercado de café tem perspectivas profissionais crescentes e promissoras e tem cativado cada vez mais mulheres que, não só na agricultura, avançam na participação e administração em todos os segmentos do mercado.
De acordo com Danielle Cantieri, presidente da associação em Paraíso, a proposta é “promover conhecimento, desenvolver habilidades e conectar mulheres. Um dos destaques do regulamento da entidade é fazer com que o projeto aconteça de forma séria e participativa de todas, para que o mesmo seja pautado em resultados”. Ela aponta que não se trata de “projeto feminista”, e é aberta a participação de homens em eventos.
Para o encontro anual, a principal convidada foi Carmem Lúcia Chaves de Brito (Ucha), presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais – Brazil Specialty Coffee Association (BSCA) e produtora renomada de cafés especiais. “Estar em Paraíso que é famosa por sua produção de cafés finos é um momento especial. Mais ainda poder reunir este público maravilhoso, com grande presença feminina, temos homens aqui também, mas se torna um momento importante para falarmos sobre o universo do produto café em todas as suas etapas”, comenta.
Sobre o encontro ela ressalta a importância de se debater assunto tão importante.” Eu acredito que o grão dessa bebida que é apaixonante merece esse carinho. É um momento de pausa e valorização desse grão que dá a vida da segunda bebida mais consumida no mundo”, comenta.
Outra palestra foi ministrada por Cesar Candiano, engenheiro agrônomo e consultor da Experimental Agrícola do Brasil/illycaffè. Ele falou sobre a crescente presença feminina na cafeicultura e como produtoras de café se destacam no tradicional Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso, que há mais de trinta anos fomenta o cultivo de café sustentável no país.
“As mulheres sempre tiveram destaque e importância para a illycaffè. Desde as cafeicultoras, finalistas nos prêmios nacional e internacional, as que participam ativamente em toda a cadeia de produção da empresa à CEO da marca italiana, todas sempre representando a força feminina no rico universo do café”, explica. As questões ambientais foram o assunto abordado por ele.
Entre as participantes a cafeicultora Juliana Paulino da Costa Mello veio de Monte Santo de Minas para prestigiar o evento. “Sou da quinta geração na minha família que está ligada a produção de café. Aprendi desde pequena a importância que ele tem em nossas vidas. Hoje continuo buscando aprender cada vez mais e colocar em prática todo conhecimento adquirido”, comenta.
A coordenadora do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em Paraíso, Sirlei Sanfelici, além do trabalho que realiza em campo ajudando os demais produtores, também se dedica à produção de café.
“Eu, meu esposo, minha família estamos neste ramo. Eu aqui cuido da produção em todas as etapas do plantio à colheita”, afirma. O resultado de sua dedicação é a produção de um café de qualidade já premiado em vários concursos. “O fato de ser mulher não me faz frágil, sou cheia de garra e vou à luta. Isso tudo me enche de orgulho, me sinto realizada pelo trabalho que exerço”, disse.