Folha Motors
A Mitsubishi Motors acaba de entrar na disputa pelo crescente mercado de venda de carros 0-km com pagamento em grãos. Inclusive, no caso dos modelos da marca dos três diamantes, a compra será feita com grãos diretamente do produtor. Serão aceitos soja e milho, que podem ser armazenados por mais tempo em silos. A operação fica a cargo da Agrex do Brasil, empresa que realiza variadas operações com produtores ruais.
“Abrir espaço para este promissor segmento levou tempo, pois precisávamos de um terceiro, uma trade de grãos. E a Agrex é da Mitsubishi Corporation. Eles se encantaram com o projeto para as regiões em que o agronegócio é predominante”, celebra Julio Fiorin, diretor comercial da Mitsubishi Motors, que é representada pela HPE Automotores do Brasil.
Chamado de Mit Barter, o programa de compra de carros 0-km com grãos contempla toda a linha Mitsubishi Motors. Ou seja, vale para adquirir SUVs como o Eclipse Cross e a picape L200 Triton, que é o carro-chefe de vendas da marca no País. Entretanto, a nova modalidade está disponível somente nos sete estados que concentram o agronegócio brasileiro.
“A Agrex recebe o grão. Por isso o programa é aberto em alguns Estados. Os armazéns têm silos para receber esses grãos. E temos a variação do valor da saca no mercado. Ou seja, é um negócio. Eles podem armazenar agora, estocar e, mais adiante, ter uma alta no preço”, resume Fiorin.
Segundo o diretor comercial da Mitsubishi Motors, todo o processo é feito com a Agrex. “Quando eles liberam a venda, nós faturamos. A Agrex faz o pagamento e o veículo fica alienado com eles. É exatamente como no financiamento dos bancos. Entretanto, a Agrex tem o ‘custeio agrícola’. Ou seja, dá para colocar a compra de veículos no cronograma de plantio e colheita, que é a venda futura. E o produtor rural negocia”, disse Fiorin.
Mas por que só aceita milho e soja? Conforme o executivo, são os grãos que podem ficar por mais tempo armazenados depois da colheita. “Os silos controlam a temperatura e a umidade, têm tecnologia para conservar os grãos. Assim, permitem pagar a operação e até esperar os valores das sacas subirem para negociar. São operações de R$ 10 milhões, em média. Ou seja, o Mit Barter atinge o médio e o grande produtor”, complementa.
A Mitsubishi Motors estima que a nova modalidade de compra com grãos vai incrementar as vendas da marca em 2023. Nesse sentido, projeta-se cerca de 850 unidades emplacadas via Mit Barter somente para a picape L200, que é feita em Catalão (GO).
“Vendemos em torno de 17 mil unidades da L200 em 2022. No geral, os produtores rurais que fazem ‘Barter’ são grandes. Por exemplo, compram de 5 a 7 carros de uma vez, teve um que comprou 15 modelos. Isso ocorre porque este produtor está acostumado a custear sua produção de grãos. Aí adquirem sementes, adubos, máquinas agrícolas, defensivos contra pragas. E nós conseguimos, portanto, incluir o carro nas operações”, detalha Julio Fiorin.
Segundo o executivo, o Mit Barter só não aceitará restrições ambientais. “Tem que ter a produção dentro das regras, caso contrário está desmatando”, conclui.