14 de setembro de 2023
Feiras livres estão presentes em 614 municípios mineiros, revela diagnóstico da Emater-MG
BELO HORIZONTE – A Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa do Estado de Minas (ALMG) realizou, nesta quinta-feira, 14, uma audiência pública para discutir as feiras livres em Minas. No estado, as feiras livres estão presentes em 614 das 853 cidades, 73% com periodicidade semanal
Espaço de comércio, interação, afeto e valorização da agricultura familiar, as feiras livres exigem dos produtores um preparo para expôr os produtos, garantir renda pelo resto do mês e expandir os negócios.
Segundo informações da ALMG, o diretor de Infraestrutura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater-MG), Vitório Freitas, traçou um cenário das feiras livres em Minas durante a audiência e aponta que a população e o estado devem valorizar o segmento.
“Temos que discutir estratégias de venda da produção agrícola. As feiras livres são uma forma de explorar o grande potencial da agricultura familiar, mas a Emater-MG tem atuado ainda em outras frentes como os mercados institucionais, principalmente o PNAE (Programa Nacional da Alimentação Escolar), e estamos desenvolvendo uma plataforma (market place) para a comercialização online desses produtos”, ressaltou o diretor-presidente da Emater-MG, Otávio Maia.
Atualmente, 614 dos 853 municípios mineiros contam com feiras, sendo que em 73% a periodicidade é semanal. Os hortifrutigranjeiros são os produtos mais comercializados, seguidos dos alimentos processados, do artesanato, do comércio de mel e do agroextrativismo.
De acordo com informações da Emater, para a audiência, foram chamados integrantes da Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), além de representantes de associações e sindicatos ligadas à agricultura e aos trabalhadores do setor e de projetos ligados à gastronomia.
“A gourmetização da feira livre também tem se revelado uma forma de atrair novos públicos e ampliar os resultados para o feirante”, disse o superintendente de Abastecimento e Cooperativismo da Seapa, Gilson Sales.
Segundo a empresa, 73% dos participantes de feiras livres vendem produtos in natura. Dos 27% que lidam com alimentos processados, pouco mais da metade não está regularizada, o que aponta para o principal gargalo: a habilitação sanitária.
Segundo a Emater, há hoje 32 mil agroindústrias da agricultura familiar em Minas, mas apenas 2,2 mil estão em dia com as obrigações sanitárias. Para Vitório Freitas, incentivos tributários poderiam ser um convite para a legalização.
O superintendente da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) Gilson Sales relatou que o governo desenvolve um programa para o fortalecimento dos serviços de inspeção municipal (SIM), de forma que os produtores possam ser regularizados. O objetivo é a adesão de 50% das cidades mineiras ao SIM até 2026.
Para Edson Puiati, coordenador da Frente da Gastronomia Mineira, apesar de avanços recentes, o Estado ainda está atrasado em termos de regulamentação. Como exemplo, ele citou produtores de queijo que não podem participar de concursos regionais, enquanto mineiros conquistaram 81 medalhas no último mundial do queijo, na França.
Ele também abordou a diferença de critérios para a habilitação – em visita à Itália, acompanhou a produção do parmigiano reggiano, um dos queijos mais apreciados no mundo, em panelas de cobre, método proibido por muito tempo no Brasil.
Luiz Eduardo Maya, sócio da Feirinha Aproxima, sugeriu a curadoria adotada no próprio projeto, para orientação dos produtores nas feiras privadas. Os alimentos que pretendem vender são degustados e eventuais defeitos, pontuados, assim como são apresentadas propostas de aprimoramento.