Opinião

“Metástase de lixo na Pirâmide governamental”

13 de março de 2025

Foto: Arquivo

Gilberto Almeida

“O Brasil progride à noite, enquanto os políticos estão dormindo.” – Elias Murad

Nos últimos tempos, todas as vezes, sem exceção, que me dedico a cumprir meu compromisso iniciado há 30 anos de preenchimento deste minifúndio de papel, tento escrever algo mais otimista. Especialmente porque, recentemente, tenho sido uma nota destoante da linha editorial do jornal, o que me causa certo incômodo e como seria bom escrever amenidades recheadas de elogios à nossa política. Mas confesso que não tenho conseguido vencer essa batalha diante do festival de politicagem barata e incompetência administrativa que se alastra por todo o Brasil — e Passos se torna a cereja do bolo com seu prosélito prefeito.

Falando do governo federal, o show de horrores praticado pelo Sr. Luiz da Silva projeta, em um futuro próximo, um desarranjo político e econômico de consequências imprevisíveis. O cenário é alarmante: a crise da dengue se agravou de forma avassaladora, com mais de 6,2 milhões de casos e quase 6 mil mortes em 2024, um aumento de 400%. As queimadas atingiram níveis catastróficos, devastando 29,7 milhões de hectares — uma área equivalente ao estado do Rio Grande do Sul — com a Amazônia sendo a mais afetada. O deficit das estatais federais ultrapassou R$ 5 bilhões (alguns falam em R$ 7 bilhões), um rombo que não se via há 15 anos, afetando até mesmo os Correios, que outrora davam lucro. O dólar bateu recordes sucessivos, ultrapassando R$ 6,30, encarecendo importados e pressionando a inflação. No campo fiscal, o deficit público superou R$ 1 trilhão, evidenciando o descontrole e a gastança desenfreada de um governo que não apresenta uma política séria de desenvolvimento social, mas apenas perpetua a dependência das pessoas em relação ao Estado para fins eleitorais — o que chega a ser repugnante. O rombo das contas públicas é o fato gerador da inflação e assim os preços subiram 1,31% em fevereiro, conforme dados divulgados pelo IBGE, indicando o maior índice de inflação para um mês de fevereiro desde 2003, há 22 anos. Um descalabro!

Como reflexo desse cenário caótico, a reprovação de Lula atingiu 53% (Atlas Intel), marcando recorde e a terceira queda consecutiva na avaliação do presidente.

No desespero para tentar reverter a queda livre de sua popularidade, o presidente continua a cometer erros que mostram que, se hoje vivemos em um mundo digital, ainda temos um governante completamente analógico. A isenção de impostos para importação de alimentos, se não é uma tentativa deliberada de prejudicar a “âncora verde” que há décadas segura nossa economia, certamente é uma gambiarra malfeita e confusa do ministro da Economia após seus míseros dois meses de estudo sobre a pasta que ocupa. Especialistas já apontam que a medida não surtirá o efeito desejado e poderá, na verdade, prejudicar o agronegócio. Para piorar, Lula esteve recentemente em Minas Gerais visitando o acampamento Quilombo Campo Grande, do MST, no sul do estado, em uma clara tentativa de agradar os segmentos mais radicais da extrema esquerda, agora comandados pela petulante e belicosa deputada Gleisi Hoffmann. A visita gerou críticas contundentes, como as do deputado estadual Antônio Carlos Arantes, uma referência de seriedade e dignidade na Assembleia mineira. Ele denunciou que os invasores invadiram terras arrendadas para fazendeiros, uma contradição absurda, e criticou a presença do presidente como um incentivo a invasões criminosas que prejudicam o agronegócio. Será que Lula ainda não percebeu que a esmagadora maioria dos brasileiros não aprova invasões de propriedades que depois constroem um simulacro de produção que nunca existiu?

Se no governo federal colecionam-se gafes escabrosas de um presidente que, por vezes, parece acometido de demência senil, no estado de Minas Gerais, Romeu Zema, com a sutileza de um elefante em loja de louças, tenta impor pedágios escorchantes e privatizações sem debate público. Nos últimos acontecimentos, Zema e Lula protagonizaram uma briga digna de porta de escola primária, cuja moral da história é que Lula padece de uma psicose grave, esbarrando em todos os momentos na figura de Jair Bolsonaro, como se o ex-presidente fosse seu alter ego — o mesmo acontecendo com Zema em relação ao ex-governador Fernando Pimentel. Digladiando pelo passado, nossos governantes projetam apenas um futuro sombrio.

Já em Passos, o Excelentíssimo Senhor Doutor Prefeito Diego Rodrigo de Oliveira persiste dando vida a seu personagem de comédia-pastelão, ressuscitando das areias praianas e gafes públicas, como simular urinar em público, enquanto a cidade segue abandonada. Anunciam solução para a coleta de lixo, entretanto montes de lixo são vistos em todo canto, a cidade e as ruas continuam sujas, praças imundas, escorpiões infestando as casas, uma epidemia de dengue descontrolada e, o mais grave, um sistema de saúde em colapso, sem condições de atender à população. As poucas obras realizadas, como as novas ruas asfaltadas e as recapeadas, já começam a desmanchar devido à má qualidade do pavimento.

Planejar o futuro? Ah, deixa quieto, quando chegar, veremos o que fazer!

Na tentativa de recuperação da imagem pública, o governo federal prevê gastar R$ 3,5 bilhões com publicidade em 2025. Em Minas Gerais, Romeu Zema aumentou o orçamento publicitário para R$ 151 milhões. Em Passos, o prefeito Diego Oliveira abriu mais um polêmico credenciamento de R$ 606 mil em apenas cinco meses para divulgação e publicidade, um gasto desproporcional e injustificável. Parece que o descaramento e a falta de seriedade no uso de verbas públicas para, disfarçadamente, obter a ilegal promoção pessoal se alastraram como uma metástase por todo o tecido governamental nos três níveis.

Mas os sinais de indignação, como o desmoronamento da aceitação do Sr. Luiz, são evidentes. Não haverá publicidade ou discursos enganosos que consigam continuar tapeando a população. Nem mesmo a grande imprensa nacional e, no âmbito municipal, os “jornalistas” bafejados pelo abundoso credenciamento estão conseguindo mais disfarçar as aberrações e as tristes mazelas que assolam os três níveis de governo, em prejuízo da nossa gente.