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Mentiras e narrativas

Foto: Reprodução

GILBERTO ALMEIDA

 

“O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém.”  – William Shakespeare 

 

Em minha última coluna declarei o profundo desalento que me acomete com os políticos de hoje. Em nossa história a política sempre passou por problemas que envolve a ética e a honradez de muitos de seus atores, entretanto, o que antes era exceção que chocava a todos, hoje praticamente virou regra e a exceção é admirar um político pela sua postura honrada. Sempre a população acusou seus políticos de mentirem com promessas falsas nas campanhas eleitorais, mas o festival de mentiras praticadas por aqueles que galgam postos no cenário político não tem precedentes em nossa memória. A começar, e não poderia deixar de ser, pelo vetusto Sr Luiz Silva, que exerce a mais alta função do país recitando mentiras e narrativas falsas de toda natureza. Eu presumo que o regente desse pobre Brasil, de manhã cedo já procura formas de atacar Bolsonaro, pouco se importando se motivadamente ou não: virou uma grave patologia, que pode ser justificada pela postura demente do Presidente.

As mentiras praticadas em todos os seus pronunciamentos já incomodam até mesmo seus súditos mais fiéis. Apenas como exercício, vou analisar uma de suas últimas entrevistas, em uma fala curta mas que conseguiu praticar 6 mentiras, sem o menor pudor.

Começou o Sr Luiz Silva: “Nós queremos transformar em um país altamente desenvolvido, nós queremos estar entre as 6 maiores economias do mundo” – Mentira porque todos sabem que um país que galopa em espiral no deficit público e fiscal e desequilíbrio absurdo das contas, caminha inevitavelmente para a recessão e convulsão social.

“Nós temos estabilidade jurídica” – nem mesmo um abilolado personagem reconhece estabilidade jurídica em um país onde alguns juízes atuam de forma ilegal e arbitrária.

“Nós temos estabilidade fiscal” – apenas em maio o rombo fiscal foi de 60 bilhões.
“Nós temos estabilidade econômica” – toda a oscilação do dólar na última semana mostram toda a desconfiança dos investidores na economia do governo Luiz Silva.

“Nós temos estabilidade social” –se em 10 estados, o número de pessoas que recebem bolsa família é maior que o número de empregados, não podemos ser estáveis socialmente.

“E a gente tem uma coisa sagrada que é a previsibilidade” – a mais descarada mentira se destrói quando registramos os desacertos entre ministros, no vai e vem na relação com o Poder Legislativo e com a população, mostrada pela queda brusca da aprovação do governo.

Esta prática deslavada do governo petista de mentir e criar narrativas, é hoje a maior força de oposição ao próprio governo, porque ninguém aguenta mais esse velhote de “quase 80 com tesão de garoto de 20 anos”. O peixe morre é pela boca e em breve esse desnorteado governo pode ruir de forma estrondosa, ainda mais que, todos sabemos, o “sistema” prefere o vice-presidente porque  será mais obediente e não um elefante em loja de louça com se apresenta o decrépito presidente Luiz Silva.

Mas seria até melhor se tais mentiras se resumissem ao cenário federal. Em Passos o nosso midiático alcaide coleciona diversas comemorações antecipadas que não se confirmaram e se o povo esquece, a memória das redes permanece em dezenas de colecionadores de balelas apresentadas e que certamente serão discutidas na campanha eleitoral. Até mesmo os abusos que vem sendo praticados em diversas áreas onde é esperado um posicionamento do Ministério Público, mostrando que uma irregularidade não se torna regular por causa de fantasiosas narrativas e mais ainda,  mostrando que o verdadeiro e único responsável, se houver ilicitude,  é o Prefeito. Assim poderíamos aqui citar diversas outras situações que precisam ser esclarecidas à luz da verdade, mas em recente entrevista  o  Secretário de Saúde foi capaz de proferir uma frase que não apenas parece ser  uma mastodôntica mentira, mas também é um diploma de pós doutorado em desprezo à história e a queridos personagens de Passos. A frase que aqui reproduzo pode foi publicada pelo Sr Gil Lemos em um grupo de zap e ao questionar o entrevistador, soube que pode não ter sido exatamente essas as palavras mas o sentido é mesmo este. Teria afirmado o Sr Thiago Salum, se referindo aos outros prefeitos de Passos: “O que eles não fizeram em 20 anos na saúde de Passos nós fizemos durante quatro anos na gestão do Prefeito Diego Oliveira”.

Sr Secretário, se o senhor não conhece a história de Passos, não deve saber que Cóssimo foi o precursor das UBS nos bairros, que Figueiredo deu continuidade tendo a frente da saúde nomes como o Dr José Pereira Reis e o Dr Marcílio Danese que recentemente nos deixou, que Nelson Maia, com Dr Gilberto Mattar como secretário, foi quem iniciou o antigo PSF, hoje ESF e por fim  que um dos motivos maiores para que Dr José Hernani fosse eleito prefeito por 3 mandatos, foi o desempenho da saúde em seus governos. Por ter me afastado da política nos anos seguintes, citarei apenas estes prefeitos, mas certo de que Ataide e Renatinho Ourives,  têm também importantes realizações na Saúde. Mas se o secretário não se convenceu, então deveria abrir os olhos para cerca de 60 mil passenses há anos na fila esperando cirurgia, exames ou outros procedimentos de saúde sem se  não se avexar em culpar a pandemia até hoje! Observem o sofrimento de nossa gente com as deficiências no Sistema Municipal de Saúde, e, ao invés de entoar loas a uma excelência que não existe, procurem ao menos evitar que doravante a cidade não devolva recursos ao Estado por incompetência.

GILBERTO BATISTA DE ALMEIDA é engenheiro eletricista e ex-político, escreve quinzenalmente às quintas nesta coluna

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