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MEIO AMBIENTE – EDSON SOARES FIALHO

Foto: Reprodução

O Papa protetor da Natureza

No dia 21 de abril do ano corrente, um dia depois da celebração da páscoa, o Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio) partiu para a casa do Pai. Apesar do momento de luto, para os cristãos católicos, não podemos esquecer a imagem digna, respeitosa e acolhedora do sumo pontífice, com também da sua luta em defesa da natureza, das florestas, dos povos originários e das comunidades tradicionais. Francisco colocou na agenda da Igreja a pauta do cuidar da nossa casa comum (Natureza) e sua preservação, assim como os temas correlatos, como desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, dentre outros.

Emblemático

Nesse sentido, como toda personalidade emblemática, tem sua marca, por meio de suas ações, ninguém negará a importância de Winston Churchill na derrota do nazismo. Como de Gorbachev, figura central na derrubada da Cortina de Ferro. E o Papa Francisco não será diferente. É possível que se consolidem alguns pensamentos que, já há algum tempo, retratam o ciclo que agora se encerra, como o ser que assumiu um caminho da renovação para o Vaticano, em razão das pautas assumidas em seu pontificado.

Legado

Mas, o seu legado em defesa da natureza com certeza será lembrado, pois em um momento político de negacionismo climático, o Papa foi a voz em defesa da justiça climática e da mobilização global acerca do clima. Em maio de 2015, lançou a Encíclica Laudato Sí (que significa Louvado sejas), documento que expressa a preocupação com a degradação ambiental, o aquecimento global e o impacto das mudanças climáticas sobre os mais pobres e vulneráveis.

Tratado

O documento auxiliou no processo de construção do consenso na preparação para a conferência das Nações Unidas sobre a mudança do clima, em dezembro de 2015 em Paris, no qual 196 países assinaram um tratado comprometimento, que visa limiar o aquecimento global a 2,00C, acima dos níveis pré-industriais.

Campanha

Ainda em decorrência da Encíclica, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), adotou nesse ano como tema da Campanha da Fraternidade, o tema: Ecologia Integral, conceito central do documento papal, que enfatiza a interconexão entre os sistemas naturais e sociais, destacando que a humanidade é parte integrante de um sistema maior e as ações humanas, que impactam o ambiente estão estritamente relacionadas à cultura que molda a convivência humana.

Soluções

Essa visão sistêmica, busca encontrar soluções para os problemas socioambientais, considerando as dimensões ambiental, social e espiritual, enquanto ao promover uma visão holística e transformadora, com visas a enfrentar a crise, que não é apenas ambiental ou social, mas socioambiental, buscando justiça social, preservação ambiental e um futuro mais justo e ambientalmente mais sustentável.

Incertezas e isolações

Muito embora, o atual momento geopolítico do globo, acabe por produzir muitas incertezas e ações isolacionistas, como o Brexit (processo de saída do Reino Unido da União Europeia – 2017-2020) e mais recentemente, os Estados Unidos com a onda do tarifaço, que abalou as estruturas do comércio internacional. Tais medidas enfraquecem as ações comuns em um mundo globalizado, como o Acordo das Mudanças Climáticas, da Biodiversidade, da Desertificação, dentre outros.

Edson Soares Fialho é Prof. Dr. do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Viçosa. E-mail: fialho@ufv.br

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