A Natureza como palco de conflitos globais
A discussão sobre a financeirização da natureza é um dos temas globais que os países vêm discutindo sob a perspectiva de preservar e proteger os ambientes naturais que ainda existem. Porém, o modo atual de produção, no qual as sociedades ocidentais se baseiam, pressiona cada vez mais os ambientes naturais.
Amazônia
A Amazônia, por exemplo, vive o dilema entre a produção de petróleo, na margem equatorial. Isso gera um impasse entre os interesses econômicos e a preservação ambiental. A região é alvo das empresas petrolíferas, em razão das recém-descobertas de petróleo.
Efeito estufa
Mas, as questões ambientais vão além da pauta Amazônica. Segundo a ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland, durante do GAFFF (Global Agribusiness Festival), realizado na cidade de São Paulo, no último dia 6 de junho, disse que: “…a forma como o mundo produz, embala e distribui alimentos é responsável por 30% das emissões globais de gases de efeito estufa. E que por isso, devemos pensar em uma transição urgente para sistemas alimentares regenerativos…”.
Mudanças
Gro Brundtland, ex-primeira ministra norueguesa, autora do famoso documento “Nosso Futuro Comum” (1987), que cunhou o termo “desenvolvimento sustentável” e deu origem à Rio-92, marco da diplomacia ambiental que aconteceu também no Brasil, nos lembra que apesar do mundo ter mudado muito nas últimas três décadas, de lá pra cá, o mesmo não melhorou o bastante, ou melhor do jeito que imaginávamos.
Disputas
A Natureza, nesse contexto global, se transforma em um palco de inúmeras disputas, que apesar de serem camufladas pela necessidade de um discurso positivo da proteção da mesma, mas esconde nas entrelinhas do mesmo discurso global, a necessidade de se repensar a nova matriz energética do planeta para o futuro e como nós enfrentaremos os eventos extremos e seus impactos relacionados a produção alimentar e a grande massa de migrantes, que será mobilizada não mais dentro de limites territoriais nacionais, mas transfronteiriços, ou seja, os desabrigados climáticos.
PIB
No Brasil, as dificuldades se intensificam, principalmente porque possuímos um PIB per capita comparável ao de nações pobres. No entanto, contraditoriamente, somos hoje o maior exportador mundial de proteínas, independentemente do tipo. Apesar de grande parte da população não dispor desse patrimônio. Por incrível que possa parecer, temos a convicção de que apenas expandindo o bolo será possível redistribuir a riqueza. No entanto, nossa terra já não suporta mais tanta exploração. Todos os recursos naturais atingiram seu máximo.
Desigualdades
A única forma de preservar a existência humana na Terra e no Brasil será através de políticas civilizatórias que visem diminuir as desigualdades. Este problema não se limita ao Brasil, é global. Agora, às vésperas da COP-30, que acontecerá no Brasil, será uma oportunidade para refletir sobre o futuro e reformular suas perspectivas. Faremos mais do mesmo ou vamos aproveitar as novas chances de formular políticas públicas internacionais integradas para a diminuição da desigualdade social.
Professor Edson Soares Fialho. Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Viçosa. E-mail: fiaho@ufv.br