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MEIO AMBIENTE – EDSON FIALHO

23 de maio de 2025

Foto: Reprodução

Proteção e Conflito da Natureza: O ataque de onças-pintadas.

Preservar a onça-pintada, animal de importância na cadeia alimentar, é vital para preservar a biodiversidade e a estabilidade dos ecossistemas. Incorporar ações que abrangem desde a criação de zonas de proteção e monitoramento; a administração de conflitos e a conscientização da comunidade. Contudo, conviver com o maior predador das Américas não tão simples, particularmente após o aumento do desmatamento e das queimadas nas áreas de habitat natural das onças, que começam a enfrentar restrições alimentares.

Caseiro no Mato Grosso do Sul

Em 21 de abril deste ano, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, uma onça-pintada atacou o caseiro Jorge Avalo. Conforme o documento do Instituto Médico Legal, o motivo da morte foi uma mordida na cabeça. Este acontecimento despertou maior atenção da sociedade, que agora ou sempre considerou a onça como um perigo a ser enfrentado.

Restrição alimentar

Contudo, o ataque aconteceu devido, muito provavelmente, por conta da restrição alimentar que os animais selvagens enfrentam. Contudo, para muitos, isso não se justifica, pois uma pessoa foi vítima. Mas, para enfrentar a questão, deve-se conhecer o tamanho do problema. De acordo com o estudo divulgado pelo Portal Amazônia e publicado na revista Biological Conservation, estima-se a presença de mais de 6,3 mil onças-pintadas em áreas protegidas na Amazônia. Esta pesquisa fundamenta-se em 15 anos de dados recolhidos em 22 áreas protegidas no Brasil e mais três nações. Apesar do número de onças não ser tão grande quanto poderia ser o conflito entre as onças e os humanos não será solucionado por meio de ações emocionais ou ações de caça para abate.

Táticas de prevenção

Em vez disso, por que não buscar soluções práticas e lógicas, conforme sugere o estudo: Sixty Degrees of Solutions: Field Techniques for Human-Jaguar Coexistence, divulgado em abril de 2025 na revista Animals (mdpi.com/2076-2615/15/9/1247). O estudo envolveu 30 autores de 22 instituições, avaliou a efetividade de diversas táticas para prevenir a predação de animais domésticos por onças-pintadas ao longo da extensão geográfica do felino, do México até a Argentina.

Evitando conflitos

O trabalho ilustra como as comunidades em 248 propriedades rurais, tanto grandes quanto pequenas, em 11 países, estão evitando conflitos com onças-pintadas. Conforme a análise do estudo é possível evidenciar o êxito das estratégias antidepredação aplicadas em 194 dessas explorações. Essas táticas demandaram diferentes níveis de investimento, porém todas conseguiram uma diminuição significativa na depreciação e, na maior parte dos casos, foram economicamente viáveis. As táticas de combate à depredação são eficientes, adaptáveis às demandas locais e merecem uma aplicação mais extensa.

Coexistência com onças

Existe a possibilidade de coexistência, contudo, as percepções, atitudes e comportamentos em relação às onças-pintadas podem variar entre os países onde elas ocorrem, devido a variações nas políticas públicas e contextos locais. É fundamental analisar as dimensões humanas do conflito e coexistência com as onças-pintadas para compreender esses elementos e, assim, apoiar estratégias mais efetivas que unam conservação e justiça social. Afinal todos os seres vivos fazem parte da NATUREZA.

Prof. Dr. Edson Soares Fialho.

Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Viçosa.

E-mail: fialho@ufv.br