Geral Meio Ambiente

MEIO AMBIENTE – EDSON FIALHO

5 de setembro de 2025

Foto: Reprodução

Queimadas no Triângulo Mineiro

 

Na semana passada, abordamos o tema das queimadas no Brasil. E hoje, damos continuidade, falando sobre o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Segundo um estudo publicado por Bruna Aparecida Silva Dias, Jussara dos Santos Rosendo e Jorge Luís Silva Brito entre 2002 e 2016, aproximadamente 423 milhões de hectares foram queimados anualmente na região, conforme publicado no artigo “…Mapeamento dos perigos associados a incêndios e queimadas no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba – MG (Brasil)…”, publicado na Revista portuguesa Physis Terrae- Revista Ibero-Afro-Americana de Geografia Física e Ambiente, v. 6, n. 2, 2024.

As mudanças provocadas na paisagem por incêndios e queimadas espelham as recentes transformações socioeconômicas, seja no meio rural ou urbano. A introdução de novas tecnologias no sistema de produção agrícola, a ampliação das fronteiras agrícolas, o estímulo às exportações, os incentivos fiscais e financeiros, a concentração de terras, o aumento da população urbana, tudo isso acompanhado de um crescimento da segregação socioespacial, complica o acesso a serviços fundamentais de infraestrutura. Estes são exemplos que geraram alterações relevantes no uso e ocupação da terra e nos modos de vida da população. Como resultado da ação humana nesses territórios, observa-se um incremento na ocorrência de incêndios, impactando tanto pequenas quanto grandes áreas de terra.

Além das alterações no uso da terra, pode-se citar como fatores associados ao crescimento anual do número de registros de queimadas e incêndios: i) as ações humanas; ii) as características do combustível; iii) as atividades de controle do fogo e iv) as mudanças da variabilidade das chuvas.

Portanto, os autores advertem sobre a importância de administrar o risco de incêndios e queimadas. Entre 2017 e 20121, na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba em Minas Gerais, utilizando o modelo de análise espacial multicritério, constataram que, durante a época de seca, o risco aumentou de 7,8% em 2018 para 30,7% em 2021. Na área categorizada como de risco extremamente alto. Observa-se que essas regiões estavam em altitudes baixas, perto de estradas, com declividade reduzida, e o uso da terra na forma de pastagens.

Adicionalmente, durante a época de seca, a maior parte dos focos foi localizada nas categorias de alto (média de 80,4%), com destaque para os anos de 2017 e 2018, com 83,3% e 87,5%, respectivamente. Em todos os anos examinados, a média para o risco muito alto foi de 16,8%, com os anos de 2020 e 2021 apresentando os percentuais mais elevados, com 21,2% e 25,3%, respectivamente. Em relação ao período chuvoso, as classes de risco médio e alto, se mantiveram quase na mesma proporção, variando de um ano para o outro, entretanto, o percentual não ultrapassou aos 50% em ambas as classes

Com essas informações publicadas, fica patente a necessidade de utilizar o mapa de risco elaborado pelo estudo, pois o mesmo pode auxiliar no entendimento das ocorrências e aprimorar a gestão de risco, por meio da identificação dessas regiões.

 

Prof. Dr. Edson Soares Fialho.

Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Viçosa.

E-mail: fialho@ufv.br