Ícone do site Folhadamanha

MEIO AMBIENTE – EDSON FIALHO

Foto: Reprodução

Percepção de risco das mudanças climáticas

Os problemas conseqüentes do fenômeno das mudanças climáticas globais não impactaram todos os seres viventes e lugares do planeta Terra da mesma maneira, uma vez que o nosso mundo ao estar inserido em uma globalização capitalista desigual. Isso por sua vez, afeta a percepção de risco das populações de países desenvolvidos e subdesenvolvidos? Essa foi à pergunta que os pesquisadores Guilherme N. Fasolin, Matias Spektor, Renan Marques e Juliana Camargo fizeram e recentemente divulgaram os resultados no artigo Determinants of climate change risk perception in Latin America, publicado na revista Nature Communication, em 25 de julho do ano corrente.

Na busca dessa resposta, os mesmos realizaram uma investigação transnacional conduzida na Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Peru e México, onde foram entrevistadas ao todo 5.338 pessoas, com intuito de avaliar as percepções de risco climático na América Latina. Esse trabalho explorou as a diversidade geográfica, governos e atores pró-clima, à medida que tentam promover a criação de estratégias de melhor comunicação e mobilização de populações diversas.

Este estudo revelou que a maioria dos latino-americanos percebe as mudanças climáticas como uma ameaça generalizada e iminente às suas vidas. Os resultados indicam que o afeto e a experiência, particularmente a preocupação e a vulnerabilidade percebida às mudanças climáticas, são mais influentes na formação da percepção de risco climático do que fatores cognitivos, visões de mundo, culturais e normas sociais na região.

A preocupação é o fator mais importante associado à percepção do risco climático. Embora não se possa explicar esse fenômeno de forma conclusiva, é plausível, os autores acreditam que a exposição aumentada e repetida à cobertura alarmante da mídia sobre as mudanças climáticas tenha levado indivíduos na América Latina a basear suas percepções de risco mais em fatores emocionais, intensificando assim a preocupação pública.

Além disso, destacam a necessidade de examinar a base afetiva da percepção do risco climático em países de baixa e média renda, mas também de distinguir entre suas múltiplas dimensões.

Em contraste, a ideologia política e os fatores sociodemográficos exibem associações fracas e inconsistentes, divergindo dos padrões observados em países desenvolvidos. Essa descoberta destaca que as mudanças climáticas não são percebidas como uma questão politicamente divisória na América Latina, sugerindo oportunidades para colaboração interpartidária em iniciativas climáticas.

Muito embora, uma associação estatística significativa entre preocupação e percepção de risco tenha sido observada na maioria dos países, a vulnerabilidade percebida a eventos climáticos extremos é significativa em apenas três dos sete países.

Nesse sentido, compreender esses fatores únicos em regiões com economias emergentes é crucial para o desenvolvimento de estratégias de comunicação de risco eficazes e personalizadas, pois a capacitação dos membros da sociedade

Prof. Dr. Edson Soares Fialho

Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Viçosa.

E-mail: fialho@ufv.br

Sair da versão mobile