Meio Ambiente

MEIO AMBIENTE

6 de junho de 2024

Foto: Reprodução

Temperatura do planeta vai baixar

O fenômeno meteorológico La Niña retorna ao planeta e vai causar uma queda nas temperaturas, após um período de El Niño que provocou, junto com a mudança climática, recordes de calor em 2023. Mas o impacto deste resfriamento pode ser em média muito fraco, alertam os climatologistas, devido ao impacto das emissões de gases de efeito estufa, já responsáveis pelo um aumento das temperaturas globais em pelo menos 1,2°C em média na comparação com o final do século XIX.  É assim que o ciclo El Niño-oscilação Sul (Enso, na sigla em inglês) influencia o clima global.

Fenômeno

El Niño refere-se ao fenômeno cíclico de aquecimento da água no Oceano Pacífico tropical central e oriental, que influencia a precipitação, os ventos e as correntes oceânicas, e aumenta as temperaturas globais médias. Ocorre a cada dois a sete anos e geralmente dura de nove a doze meses. O último El Niño, que começou em junho de 2023, está entre os cinco mais intensos já registrados, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Em condições normais, os ventos alísios sobre o Pacífico sopram para oeste ao longo do equador, transportando as águas quentes da América do Sul em direção à Ásia. Para substituí-los, a água fria sobe das profundezas. Mas durante o El Niño, estes ventos alísios são ficam prejudicados, o que faz a água quente retornar à América, alimentando um aquecimento adicional da atmosfera e do deslocamento da corrente de jato do Pacífico (ou jet stream: ventos fortes localizados na altura onde os aviões voam) em direção ao sul.”

Corrente

Esta mudança na corrente de jato geralmente resulta em um clima mais seco no Sudeste Asiático, Austrália, África do Sul e norte da América do Sul e, inversamente, resulta em condições muito mais úmidas no Chifre da África e no sul dos Estados Unidos.  A mudança climática influencia o ciclo Enso, mas o seu efeito ainda é incerto, explica Michelle L’Heureux, especialista da agência meteorológica americana NOAA. Condições mais secas ou úmidas causadas pelo Enso “podem ser amplificadas” devido ao aquecimento global, explica.

Janela

Em todo caso, este aumento das temperaturas globais serve como uma “janela para o futuro” da mudança climática: “ao dar um impulso temporário, o Enso oferece um vislumbre de como é um mundo mais quente”, afirma a meteorologista, depois de um ano de calor sem precedentes. Embora o El Niño tenha desaparecido, os primeiros quatro meses de 2024 continuaram batendo recordes de calor, o que não é uma surpresa, uma vez que o seu ciclo geralmente provoca o aumento das temperaturas no ano seguinte ao seu aparecimento. O Enso não funciona “como um interruptor”, explica Michelle L’Heureux. “Leva tempo para a circulação atmosférica global se adaptar.”