Meio Ambiente

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14 de dezembro de 2023

COP tem acordo histórico

Representantes de quase 200 países aprovaram na quarta-feira, 13, o documento final da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-28), em Dubai, que cita a “transição” dos combustíveis fósseis, em um consenso considerado histórico para as conferências contra o aquecimento global. O texto traz linguagem mais forte do que a versão anterior, mas não menciona diretamente a eliminação desses poluentes (principalmente carvão, petróleo e gás natural), como reivindicavam dezenas de países.

Delegações

A redação anterior havia contrariado muitos das delegações, incluindo Brasil, ao evitar compromissos mais incisivos na busca por fontes limpas de energia. O novo compromisso evitou incluir a expressão “eliminação gradual” (phase out) dos combustíveis fósseis, mas pela 1ª vez em um documento desse tipo cita a “transição” dos combustíveis fósseis.

Emissão de gases

Os esforços, segundo o texto, devem ser coordenados de forma que o mundo elimine as emissões de gases com efeito estufa até 2050, com urgência adicional na redução nesta década. Para isso, também aparece a meta de triplicar a capacidade energética renovável até 2030. As sessões entre os negociadores climáticos ocorreram até altas horas da madrugada. O presidente desta COP, sultão Al Jaber, chamou o acordo de “histórico”. Cientistas, porém, têm alertado que os compromissos assumidos pelos governantes são insuficientes diante da urgência da crise climática, que em 2023 se intensificou com ondas de calor, incêndios, tempestades e ciclones em vários pontos do planeta, incluindo o Brasil.

Vulneráveis

Os líderes da União Europeia e de muitas das nações mais vulneráveis ao aquecimento global apelavam para incluir a expressão “eliminação gradual” de petróleo e similares. Mas essa proposta enfrentou intensa resistência por parte de grandes exportadores de petróleo, como Arábia Saudita e Iraque, além de economias em crescimento rápido, como a Índia e a Nigéria. “Aos que se opuseram a uma referência clara a uma eliminação progressiva dos combustíveis fósseis no texto da COP, quero dizer-lhe que, goste ou não, é inevitável. Vamos esperar não chegue tarde demais”, alertou António Guterres, secretário-geral da ONU.

Críticas

O fato de a conferência ter sido realizada nos Emirados Árabes Unidos, um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, foi alvo de críticas desde a escolha da sede. Esta edição da COP reuniu o maior número de participantes que representavam interesses da indústria do petróleo em três décadas de cúpulas climáticas globais. Na maioria das economias desenvolvidas ou emergentes, o despejo na atmosfera de gases de efeito estufa oriundos da queima de petróleo ou carvão é o principal causador do aquecimento global. No Brasil, diferentemente, a maior parte das emissões vem do desmate da Amazônia, atividade predominantemente ilegal e sem benefícios para o PIB.