Meio Ambiente

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23 de novembro de 2023

Foto: Reprodução.

Calor? E vai piorar

Se o calor ou a chuva forte (depende da região do país) assustou nas últimas semanas, é bom preparar para o que vem por aí. Relatório divulgado pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) neste mês aponta que o El Niño, mais forte nesta temporada, deve perdurar até abril de 2024 e chegar ao seu pico neste fim de ano. O El Niño é um dos principais responsáveis pelos eventos extremos notados no Brasil em 2023, como a estiagem na Amazônia, os temporais no Sul ou os dias quentes em São Paulo. Com isso, a expectativa de meteorologistas é de que esses recordes de altas temperaturas e os eventos climáticos atípicos, como ciclones e alagamentos, devem ocorrer com ainda mais frequência e intensidade nos próximos meses.

Pico

Segundo a OMM, o fenômeno só chegou a uma consistência em outubro, conforme os registros de temperatura da superfície do mar e outros indicadores, e tem seu pico agora, entre novembro deste ano e janeiro de 2024. Como padrão de resposta da atmosfera às mudanças das condições oceânicas não é imediato, a expectativa é de que as consequências deste pico do El Niño possam ser sentidas até o fim do 1º semestre do ano que vem. “Com certeza, o verão será muito quente, porque estamos com um El Niño de intensidade forte e, também, na fase positiva do Dipolo do Oceano Índico, contribuindo (para esse calor)”, diz Karina Bruno Lima, doutoranda em climatologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) . O Dipolo é conhecido como “El Niño do Índico”, fenômeno oceanográfico meteorológico que afeta o regime de chuvas e o clima na Ásia.

Secas

São esperadas secas ainda mais intensas no Norte e no Nordeste, assim como mais temporais no Sul. Além disso, a união entre o efeito do El Niño e o verão – estação que já é, por si só, quente – deve intensificar ainda mais as ondas de calor extremo. “Mas não é possível antecipar tanto assim quando exatamente essas ondas de calor vão ocorrer”, afirma Karina, que também é divulgadora científica.

El Niño

Ricardo de Camargo, professor de Meteorologia no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), explica que o El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico próximo à costa da América Latina, a partir do deslocamento de massas de águas mais quentes que vêm da Oceania. Diferentemente do fenômeno La Niña, quando as águas sul-americanas ficam ainda mais frias que o normal, e a Oceania mais quente. Segundo o especialista, ambos os fenômenos são de difícil previsão e ainda não têm uma justificativa cientificamente comprovada em relação ao alongamento que vêm sofrendo. No entanto, por fazerem parte do sistema de redistribuição de calor na Terra – o que pode se dar tanto pelos oceanos (como fenômenos como o El Niño) quanto pela atmosfera (a partir dos ventos, ciclones e do ciclo de chuvas) – são diretamente afetado pelo aquecimento global.