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Medo, estranho amigo

Foto: Reprodução

LUIZ GONZAGA FENELON NEGRINHO

O que será de mais terrível em nossas mentes, age como feroz predador e, aos poucos, sem que nos apercebamos, vai se alimentando de nossas entranhas, fraquezas e nos angustiam de maneira perturbadora? Com certeza estamos falando do medo. Ah, o medo!

Se um pouco é compreensível e salutar, no excesso é altamente pernicioso, capaz até mesmo de nos levar à loucura de atos e até propiciar a morte.
Medo… Esse inimigo da alma. Dos instantes bons, estranhos e mágicos de nossas vidas. E que muito incomoda e atrapalha.
Precisamos, isto sim, e de imediato, nos livrarmos dos erros e arrependimentos do passado. Afinal, o medo a eles estão atrelados e interligados. A resposta pode estar no interior de cada um dos passantes e pensantes mortais.
O melhor a fazer é dar um salto de qualidade na transcendência do presente e irmos em busca de nossa verdade no futuro: a verdade que santamente nos libertará.
Com efeito, não há quem não passe pelo distúrbio do medo, considerando a pluralidade dos sentimentos que vai de um simples receio, ou temor, às várias manifestações de síndromes de ansiedade, cujo mal se desenvolve no dia a dia de nossas vidas e pode nos abater como se abate um pobre animal inofensivo.

Por incrível que pareça, para vencer o medo, esse terrível mal de savanas mentais, uma dica simples: promover a paz da amizade com ele.

Rir-se com ele e dele. Isso mesmo. Fazer troça de sua presença. Instigá-lo. Encher-lhe o saco até mais não poder. Por aí. Ou mais.

Então se verá que o medo não é tão mal assim. Isto é, desde que não se transforme em algo patológico, doentio, catastrófico.
A técnica, no que há de mais ou menos prático e funcional é bem conhecida. Se a gente não puder com o inimigo, o melhor a fazer é aliar-se a ele. Tese paleolítica, antiga pra dedéu.

Aliar-se no sentido de conhecer-lhe sua fragilidade, até mesmo seus encantos. Encantos, sim. Quem disse que um pouco de medo não faz bem? Óbvio que faz.

Se alguém tem medo de águas turbulentas, bravias, ou nem tanto, significa que o medo toma posto de receio, cautela, cuidado – o que não deixa de ser uma virtude do bem para o bem. Em não havendo enfrentamento não se vai morrer afogado.

Nesse caso, assim como em outros, o ato da prevenção. O do assalto é outro exemplo. Produz na pessoa a substância do alerta, a fim de que fique mais cuidadosa e atenta.

Mesmo porque a água teme os medrosos, os que dela têm pavor. Quem não tem já lhe pertence por ato do enfrentamento natural. Ou não é assim? Bem, Vó Maria já ensinava isso.

Para encerrar essa premissa, pensemos no seguinte: não fujamos do medo. Juntemo-nos a ele. Façamos-lhe parceria, até mesmo relativa amizade, mas de forma tal que, ao dormirmos fiquemos com um olho aberto e o outro fechado.

Em boas condições de cautela é confiar desconfiando, mesmo porque, ainda que tenha morrido, o seguro realmente morreu de velho. E tenhamos boa sorte na conformidade proporcional entre o receio e o medo, com respaldo e poder de arrimo ao primeiro.

Nesse caso, o ideal não é embasar-se num texto avulso de quem está mais para o medo de errar do que brincar de especialista em psicologia, psicoterapia, psiquiatria. Longe disso. Morre-se de medo!

E para evitar o medo, e o que dele possa resultar, o importante é encontrar uma solução imediata, a fim de que o quadro clínico não piore. O medo pode se transformar em fobia, estágio que fatalmente pode interferir nas relações sociais de quem padece desse mal.

Lembrando que o medo não é apenas emocional. Quem falou? Sintomas físicos dão sinal: sudorese, ansiedade, nervoso. A história de cada um fala das experiências vividas, traumas, pensamentos negativos e incapacitantes, como tremedeira, boca seca etc.

Nesses casos, o melhor a fazer é buscar especialistas da área, psicólogos e psiquiatras. A psicoterapia vai bem. Mas deixemos claro: o medo desaparece. É fato. Mas volta. É um estado natural dos seres humanos. Parte de um perigo real ou imaginário.

Ante inevitáveis embaraços no setor da compreensão humana, a sensação do calor do medo é tão comum quanto o calorzinho do amor nutrido por um ser na condição da paixão iminente. Amor, calor, receio, medo, possibilidade de frustração…

Pensando bem, o melhor de tudo é controlar as emoções de modo a não prejudicar nossas vidas e relacionamentos. Nutrir pensamentos positivos, viver com disposição de alegria e não deixar se abater ante as situações adversas.  Devemos, isto sim, arregimentar esforços no sentido de opor resistência com resiliência.

Na teoria do caos, com fenômenos não previsíveis, muito melhor é acreditar no gotejar de fluidos de esperança e fé. Sempre que possível, e é possível, reescrevamos novas e belas histórias.

Em sendo assim, boa sorte, sem medo!

PS: Ao povo do Rio Grande do Sul, amigos e irmãos fraternos, vivendo seu martírio em forma de aviso para o mundo, o sentimento de empatia.

A imagem-símbolo de Caramelo, cavalo ilhado em cima do pedaço de telhado e retirado com habilidade do local pelo protagonismo de heróis da salvação, é forte indicio de que o impossível não existe. Falta de atitude, sobretudo, política, sim.

LUIZ GONZAGA FENELON NEGRINHO, advogado, escreve aos domingos nesta coluna.

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