15 de maio de 2025
Idosos e pessoas com comorbidades - como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas ou pulmonares crônicas - estão mais suscetíveis a evoluir para formas graves da doença / Foto: Reprodução
Carlos Renato
PASSOS – O médico pneumologista e cooperado da Unimed Sudoeste de Minas em Passos Walter Fonseca Júnior, faz um alerta sobre os cuidados e primeiros sintomas da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Neste ano, a região teve 49 hospitalizações e nove mortes por SRAG, aponta o painel da Vigilância em Saúde do estado sobre a síndrome.
Segundo o médico, a SRAG é uma condição respiratória caracterizada por insuficiência respiratória aguda, geralmente decorrente de infecções virais ou bacterianas. “Ela envolve o comprometimento dos pulmões, podendo causar dificuldade para respirar, diminuição da saturação de oxigênio e, em casos graves, necessidade de suporte ventilatório”, aponta.
O pneumologista alerta que os sintomas iniciais incluem febre alta, tosse persistente, dor de garganta, falta de ar, dor no peito, fadiga e sensação de cansaço extremo. “Em casos mais graves, há agravamento da dificuldade respiratória, com queda significativa da oxigenação sanguínea”, destaca Walter.
O médico ressalta que, embora a SRAG possa acometer pessoas de qualquer faixa etária, os idosos e pessoas com comorbidades – como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas ou pulmonares crônicas – são mais suscetíveis a evoluir para formas graves da doença.
Sobre o tratamento adequado, o médico afirma que depende da gravidade do quadro, podendo incluir desde suporte ventilatório, como oxigênio suplementar ou ventilação mecânica, até o uso de medicamentos antivirais, antibióticos e anti-inflamatórios. “Em alguns casos, o paciente pode necessitar de internação em UTI para monitoramento contínuo”, ressalta Fonseca Júnior.
“Na Unimed Sudoeste de Minas, os atendimentos são realizados por uma equipe multidisciplinar, que inclui médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, infectologista, plantonistas de Urgência/Emergência e os intensivistas da UTI adulto e infantil. Os exames utilizados para diagnóstico incluem radiografia de tórax, tomografia computadorizada, exames laboratoriais e testes para identificação de agentes infecciosos, como vírus e bactérias”, informa.
Para ele, o aumento no número de casos da doença pode estar relacionado à maior circulação de vírus respiratórios, como influenza e covid-19, além da mudança climática, com a vinda do outono e proximidade com o inverno.
“São fatores que favorecem o aparecimento de infecções respiratórias. A diminuição da adesão às medidas preventivas, como uso de máscara e vacinação, também pode ter contribuído para o aumento dos casos”, pontua.
O pneumologista reforça que a vacinação é a melhor prevenção para reduzir os casos de SRAG. “A vacinação é uma medida fundamental, assim como a adoção de hábitos de higiene, como lavar as mãos regularmente e evitar locais fechados e mal ventilados. Em caso de sintomas respiratórios, é importante procurar atendimento médico para avaliação adequada e evitar a automedicação”, explica o médico.
SRS Passos faz capacitação sobre SRAG
PASSOS – A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Passos e a Santa Casa do município promoveram uma capacitação em bronquiolite viral aguda (BVA) para médicos e profissionais da rede do SUS da área de abrangência.
Segundo informações da SRS, o objetivo foi apresentar o fluxograma de BVA e a grade de referência para atendimento aos pacientes ante à incidência da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no estado.
A capacitação foi proferida pela médica infectologista e coordenadora do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Passos, Rosana Porto Viana Teixeira.
“Esse trabalho de conscientização e capacitação é para a gente conseguir colocar cada criança no lugar onde ela deve ser tratada”, disse Rosana Porto Viana Teixeira.
Segundo ela, se o fluxograma for cumprido corretamente desde a entrada da criança para o atendimento, muitas internações serão evitadas nos hospitais de referência para casos graves. “E a gente vai ocupar o hospital terciário com os casos que realmente precisam ser tratados ali, porque às vezes a gente ocupa o hospital terciário com as formas leves e moderadas, mas para as crianças que estão na forma grave não têm leito disponível”, observa.
A bronquiolite é uma síndrome viral aguda que afeta o trato respiratório inferior. Mais comum em bebês, é uma das principais causas de doença e hospitalização de lactentes e crianças menores de 2 anos.
A infecção ocorre pelo vírus sincicial respiratório (VSR), podendo evoluir da forma leve para a mais grave, se não for tratada corretamente nos primeiros dias dos sintomas.
Segundo Rosana Porto, que também é infectologista, os primeiros sinais da bronquiolite são desconforto respiratório – por causa da obstrução inflamatória das vias aéreas, tosse, e dificuldade para respirar, até piorar ao ponto de precisar internar a criança. “Se dermos um suporte bom para essa criança entre o terceiro e o quinto dia, a gente evita que a doença evolua para a forma moderada e grave”, disse a médica.