1 de novembro de 2024
Uso do rolete teria provocado uma movimentação do solo e causado danos nas residências / Foto: Divulgação
Tayná Costa
PASSOS – Moradores da rua Imaculada Conceição, conhecida antigamente como rua do Valinho, no bairro Penha, em Passos, encaminharam um abaixo-assinado ao Ministério Público Federal com uma denúncia sobre problemas nas residências que teriam sido causados por maquinário utilizado na construção do Residencial Aroeiras II.
Segundo eles, a utilização de uma máquina compactadora, conhecida como “rolete”, teria provocado rachaduras em imóveis na rua. A empresa responsável pela obra informa que segue as melhores práticas na execução e que os supostos danos teriam sido causados por outros fatores.
A obra, feita pela construtora D’Ávila Reis por meio do programa Minha Casa Minha Vida, do Ministério das Cidades com financiamento da Caixa, teve início no dia 2 de agosto deste ano e a previsão é que seja concluída em 2027. O conjunto residencial deve ter 96 unidades habitacionais
De acordo com os moradores, o uso do rolete teria provocado movimentação do solo, barulho e tremores, o que teria causado vibração em portas e janelas, deslocamento de telhados e rachaduras em paredes. Eles apontam que temem pela segurança das famílias.
“A gente esteve lá para comunicar o problema, eles disseram que não iriam parar a máquina e que era para a gente procurar o poder público. O que eles estão esperando? Cair um telhado na cabeça de uma das nossas crianças? Aqui na rua nós somos todos trabalhadores, não estamos pedindo nada, apenas que respeitem nossas casas”, afirma o morador Irirneu Lopes Lima.
De acordo com moradores da via, outros loteamentos que foram construídos na região sem a utilização do equipamento não teriam causado danos aos imóveis. “Mas por que no Valinho não tiveram essa preocupação?”, apontam.
Ainda segundo os moradores, no dia 16 de setembro foi realizada uma reunião entre representantes da comunidade e um funcionário da construtora para discutir sobre o assunto, mas não teria havido acordo.
A catadora de recicláveis Marília Aparecida Silva, que mora no local há 43 anos, afirma que a construtora teria atribuído os problemas nas casas à falta de qualidade na construção dos imóveis. “Ninguém coloca laje em cima de uma casa que não tem coluna e amarração. A nossa maior preocupação é com as vidas em risco”, afirma.
A construtora D’Ávila Reis informa que está atenta e que segue as melhores práticas no processo de construção. Os problemas nas residências, segundo a empresa, seriam antigos e teriam sido causados por outros fatores.
A Secretaria de Obras da Prefeitura de Passos informou que um fiscal esteve no local. Segundo a pasta, a secretaria não pode interferir na obra e a responsabilidade técnica é de quem executa a obra.