PASSOS – O major Daniel Cardoso Ladeira assumiu o comando do 12º Batalhão da Polícia Militar em Passos, nesta quinta-feira, 26. Natural de Viçosa, ele foi transferido para Passos no ano passado, e atuou na área de tecnologia da PM durante 15 anos.
De acordo com o major, a expectativa para o futuro da corporação é muito boa, por conta do bom desempenho da equipe nos últimos anos. “Temos atingido resultados muito bons. Em 2018, por exemplo, foram registrados 575 roubos. Agora, nos sete primeiros meses do ano, foram 85, uma queda muito grande”.
“Neste ano, até agosto, em relação ao ano passado, nós tivemos queda de 60%. Passos teve a maior queda de roubos na região inteira, com 75%. Isso por meio de um trabalho de prevenção e de repressão qualificada. Se teve um roubo, a gente vai atrás até prender, sem parar. Tanto é que, nas últimas ocorrências de roubos da cidade, todos os autores estão presos. Tem mais de uma semana que não tem roubo aqui”, disse Ladeira.
Segundo o novo comandante, ainda não houve a designação de outro subcomandante, e, por enquanto, ele segue exercendo as duas funções. O comandante é responsável pela parte administrativa e operacional das 16 cidades que compõem o 12º BPM.
Na manhã de ontem, ele se reuniu com outros comandantes da região para tratar sobre a expectativa do novo trabalho e diretrizes. Também foi abordado o tema da saúde mental, junto de uma psicóloga.
“Saúde mental é algo que estamos trabalhando junto de uma psicóloga. Hoje, o índice alto de suicídios atinge toda a sociedade, não somente os policiais. A psicóloga disse que isso não é um problema policial. É um problema da sociedade.
“Talvez, chame muito a atenção quando um policial se suicida, por conta do fato do policial ter uma arma e poder utilizá-la, mas esse não é o único fator. Contudo, nós temos muitos casos de suicido fora da polícia. O policial é muito afetado pelo serviço dele? Sim, mas o índice dentro da polícia não chega a ser alarmante quando comparado com o da sociedade
“Hoje em dia, morrem mais pessoas por suicídio do que por homicídio. É a primeira vez na história que isso acontece. Os policiais fazem parte da sociedade, e a sociedade está com um problema que precisa ser corrigido. Eles passam pelos mesmos problemas de pessoas que exercem outras profissões. Às vezes, é um problema financeiro, emocional ou depressão”, disse o comandante.
Ladeira acredita que o policial não perde a sensibilidade, mas é acostumado a agir de maneira técnica. “Se eu atender a um acidente e ver uma pessoa morta, faltando um pedaço do corpo, não quer dizer que eu ache isso normal, mas pelo fato de eu ter tido um treinamento, ter atendido várias ocorrências, tem gente que olha e fala ‘nossa, que insensível’, mas é uma função que alguém tem que fazer”, disse.
“Toda vez que um policial passar por um estresse, uma psicóloga vai atendê-lo. Nós procuramos dar assistência, mas não podemos evitar que ele passe pelas situações de estresse. Não tem jeito, ele vai sair armado, vai prender bandido, vai atender homicídio, estupro de criança ou acidente de carro com vítima fatal”, afirma.
Menores no tráfico
Sobre as diversas apreensões de menores por tráfico de drogas em Passos, o comandante explica: “Menor traficando é um dos grandes problemas. Aqui, é todo dia [apreensão]. Mas não adianta, porque você apreende e no outro dia eles saem”, disse.
“É impressionante o aumento no número de menores traficando. Mas esse é um problema apenas policial? Não. É um problema social. E tem que ser tratado em várias esferas na sociedade. Manter esse tanto de meninos preso não é a maneira de resolver esse problema”, disse Ladeira.
“Sobre o aumento de apreensão de drogas, sempre teve muita droga, mas agora estamos apreendendo mais, por conta da queda de outros crimes. Faz uma semana não ocorre roubo em Passos. Temos mais tempo e, por isso, conseguimos aumentar a quantidade de apreensões”, explicou.
“Se for em algumas praças da cidade, eu vejo alguns meninos parados. Quando eu paro a viatura, saem correndo. Por quê? Porque estão com droga. É pouca droga, mas nós vamos para inibir essa prática. Caso contrário, eles tomam conta de diversos lugares”, completou.
Habilitação
Segundo o comandante, nos seis primeiros meses deste ano, a PM abordou mais de 600 pessoas sem CNH em blitz na cidade. “E não foram em blitz grande. Se você pegar esse número, dá uma média de 100 por mês, ou seja, pelo menos três por dia. Se um policial parar uma viatura em alguma avenida agora e pedir habilitação, em média, três motoristas não estarão habilitados”.
“A gente pega até moto com criança aqui. Uma vez eu peguei um menino de 12 para 13 anos andando em uma Lander. A moto não dá pé para ele. E ele me explicou como fazia para subir e descer da moto”, disse Ladeira.