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Machado de Assis é líder em vendas

Foto: Reprodução

A versão em inglês de Memórias Póstumas de Brás Cubas se tornou o livro mais vendido da categoria ”Literatura Latino-Americana e Caribenha” na Amazon dos Estados Unidos. O feito aconteceu após o sucesso de um vídeo no TikTok, em que a escritora e leitora Courtney Henning Novak avalia livros de vários países.

”Eu estou lendo esse livro para o Brasil, para um projeto de leitura de todo o mundo. Por que vocês não me avisaram que era o melhor livro já escrito?”, diz ela no vídeo, elogiando a escrita de Machado de Assis e a tradução de Flora Thomson-Devaux, que assina a versão. ”Acho que é meu novo livro favorito”, continua ela em outro conteúdo.

Com isso, a obra se tornou um dos best-sellers da plataforma. Na lista latino-americana, o livro ultrapassou clássicos como Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Marquez, e a coletânea de ficções de Jorge Luis Borges. Além disso, a versão e-book de Brás Cubas figura em 11º na lista.

A obra

O livro de Machado de Assis é considerada a obra inaugural do Realismo na literatura do Brasil. O narrador do livro é Brás Cubas, descrito como ‘defunto-autor’: um homem que, depois da morte, torna-se escritor para compor sua autobiografia. As peculiaridades que tornaram o livro célebre já aparecem na dedicatória “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver”.

Nascido na elite carioca, o narrador reflete as hipocrisias e caprichos das classes abastadas do século 19, denunciando a moral duvidosa e a preocupação com as aparências acima de tudo. A trama, que não segue uma linearidade necessariamente cronológica, começa com a morte do protagonista, vítima de uma pneumonia, e seu enterro. A partir daí as memórias do defunto são apresentadas: a infância travessa, a adolescência e os primeiros amores, as tentativas de se estabelecer na vida adulta.

A vida de Brás Cubas, no fim das contas, é resumida como um grande fracasso. Ele não conquistou nada do que era esperado: teve amantes, mas não se casou nem teve filhos; não alcançou reconhecimento na carreira (ainda que tenha sido deputado, o desempenho no cargo foi medíocre); não conseguiu terminar seu ambicioso projeto, o ‘emplastro’ – um remédio capaz de tudo curar, em uma tentativa final de tornar-se um homem memorável. O tom que permeia a trama é, portanto, pessimista.

Há também um tempo psicológico correndo paralelamente aos episódios narrados pelo defunto-autor. Falando do além, ele se deixa divagar, mergulhando em digressões. Nesses momentos aparecem reflexões filosóficas e metáforas absurdas.

O texto de Machado de Assis, dotado de ironia ácida, tece críticas à sociedade da época, trazendo referências histórias. Somado a isso, está seu teor literário inovador. Como resultado, a obra é favorita nas listas de leituras obrigatórias de vestibulares e escolas do País.

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