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Lições das enchentes sulistas 

Foto: Reprodução

ESDRAS AZARIAS DE CAMPOS

 

Nada como uma hiper tragédia para desnudar o Brasil e os brasileiros. Sempre nas tragédias ou nos momentos de crises agudas que os reais problemas brasileiros afloram e se mostram clarividentes, escancaram as causas e mexem com os nossos brios e, sobretudo, nos mostram o quanto temos sidos negligentes e ineficientes. Infelizmente é o que assistimos desde o início da nossa centenária República. As tragédias provocadas pelas enchentes nas terras gaúchas são muito mais que tragédias anunciadas, pois são tragédias provocadas como tantas outras do passado e tantas outras que estarão por vir! Até porque a natureza revoltosa não deixará de provocar cataclismas cada vez mais destruidores. As tragédias são nossas, todas com causas definidas pela incúria, pela insensibilidade, pela falta de vontade política dos sucessivos gestores da coisa pública. Sem exceção em todas as esferas dos poderes executivos e parlamentares municipais, estaduais e federais. Não faço aqui uma generalização fortuita, até porque as catástrofes naturais não podem ser evitadas, mas os estragos que elas provocam para as populações podem ser minimizados e até mesmo em muitos casos evitáveis. Mas por que no Brasil, mesmo com as sofridas experiências de tantas tragédias acontecidas, nunca aprendemos as lições que ensejam soluções? As catástrofes naturais seguidas das tragédias são muitas mensais e anuais, com frequência garantida e até com datas marcadas. Quais lições nos oferecem a tragédia e o sofrimento porque passam hoje nossos irmãos gaúchos? Talvez mais que lições, muitos recados! Eis alguns deles!

1. O primeiro recado a olhos vistos decantados por quase toda mídia é a solidariedade do povo brasileiro. É verdade e para que não pareça ser uma generalização pedante é bom saber que a maior parte das ajudas populares partem das camadas médias e pobres da população.

2. As iniciativas públicas, dos governos são obrigações, o que não quer dizer que cumprem satisfatoriamente, como vimos em casos de presidentes em tragédias passadas. Felizmente o presidente Lula cumpre como estadista e com empatia, não somente nesta fase de salvamento das vítimas, mas com planos de recuperação do Estado pós catástrofes com disponibilização de verbas bilionárias.

3. Como os governadores estaduais são ineficientes e despreparados para lidar com catástrofes e tragédias? O governador Eduardo Leite (PSDB) do RS, é prova cabal da ineficiência. Desde que assumiu o governo do Rio Grande do Sul, em 2019 e em 2023, em suas gestões, implementou ou aprovou mudanças que, na visão dos climatologistas diminuíram a proteção ambiental que podem tornar o Estado ainda mais vulnerável a enchentes iguais ou piores que as atuais. E o comportamento do governador diante da atual tragédia é ridículo. Por picuinhas políticas demorou para solicitar ajuda de Lula e após receber levou mais de uma semana para reconhecer publicamente que a ajuda tem sido efetiva e produtiva. Em entrevista concedida ao BandNews na 3ª feira passada, o governador Leite fez essa declaração horripilante: “O excesso das doações vão impactar o comércio local, porque os comerciantes deixarão de faturar porque não venderão seus produtos. Pode?

4. Que os negacionistas de sempre continuam não aceitando que existe crise climática mundial. Afirmam que os desmatamentos na Amazônia e no que resta da Mata Atlântica nada tem a ver com as frequentes ocorrências dos cataclismas pluviais, batendo de frente contra as teses das Ciências Climatológicas.

5. A ala extremista evangélica culpou a Madonna em seu show no Rio de Janeiro, pela tragédia gaúcha. Quanta insensatez, pois o que seria um cruel castigo de Deus, ainda errou o alvo, afinal o que o povo Riograndense-Sul teria a ver com isso?

6. Que as fake news espalhadas pela extrema direita diretamente do Gabinete do Ódio, montado nogoverno do ex presidente Jair Bolsonaro, continua atuante e faz de tudo para atrapalhar a luta contra as calamidades gauchas, gente sem escrúpulos pois são capazes de utilizar os momentos mais críticos e de fragilidade humana, para espalhar mentiras para uso político e lucrativo das tragédias.

PS: Até o pobre cavalo Caramelo foi alvo de fake news, pois o mataram, quando na verdade foi salvo.

ESDRAS AZARIAS DE CAMPOS é Professor de História.

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