Opinião / Washington L. Tomé de Sousa
Ecoa forte em nossos dias, e nos desafia como indivíduos e como nação, o lema da Inconfidência Mineira e da bandeira de Minas Gerais: liberdade!
Um mundo globalizado, que caminha aceleradamente para a era fria e indiferente da digitalização de tudo, da automação, da virtualização, do domínio dos algoritmos e da inteligência artificial em todos os ramos da atividade humana, transformando o ser humano em dados numéricos, apenas, e cada vez mais descartável, precisa de um contraponto. Neste aspecto, destaca-se a necessidade de se afirmar e reafirmar a autonomia decisória do indivíduo e das nações, sem se desconsiderar, por óbvio, as suas interações em sociedade e no concerto global, e de lembrar o pensamento sempre atual do grande político e pensador britânico Lord Acton, ao qual nos filiamos: “...o processo histórico desenvolve-se orientado pela liberdade humana ou livre-arbítrio, no sentido de uma liberdade cada vez maior. A defesa desta última é um imperativo moral: se o poder político se arroga o direito de comandar os atos dos homens, ele os priva de sua responsabilidade... a noção de liberdade é mais uma contribuição cristã do que greco-romana, pois o cristianismo teria revelado esse conceito em sua plenitude ao mostrar sua indissociabilidade da ideia de responsabilidade. Intimamente associada à responsabilidade, a liberdade é uma condição necessária para atingir fins espirituais elevados... a liberdade não é um meio para atingir um fim político mais elevado. Ela é o fim político mais elevado. Não é para realizar uma boa administração pública que a liberdade é necessária, mas sim para assegurar a busca dos fins mais elevados da sociedade civil e da vida privada”.
Este parágrafo acima encerrava o meu último artigo, de 25 de janeiro de 2023, o qual foi publicado sem esse fecho, mas o trago à baila novamente, para reforçar a necessidade da defesa da liberdade, com a correspondente responsabilidade pelos atos praticados, nestes dias de crises intermináveis em que vivemos, no Brasil e no mundo, quando inúmeros regimes políticos, tanto de direita quanto de esquerda, procuram se perpetuar no poder pela força das armas e da violência nas suas mais variadas formas, oprimindo e limitando a liberdade das pessoas, isso quando não elimina, simplesmente, os opositores ou quem ouse ser uma voz discordante.
Se, por um lado, grande parte da população brasileira rejeitou na última eleição presidencial o espectro da truculência como proposta de governo, por outro, a retórica habitual e fundamentada em boa parte na falsidade (mentira, mesmo!), bem como na detração do Brasil em fóruns internacionais pelo seu atual presidente e por membros de seu governo não vão nos levar a um caminho melhor. E, em meio a este cenário, nenhum analista político, ou até mesmo um profeta, arrisca uma previsão para os próximos quatro anos. Muito menos eu. Caros leitores, decidam o que vocês querem... e respondam pelas consequências.
Finalizo, com o caput do artigo 5º. da nossa Constituição Federal: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
P.S.: Senhor revisor, por favor, guarde a tesoura. Saúde e paz a todos!
WASHINGTON L. TOMÉ DE SOUSA (@washingtontomedesousa), bacharel em Direito, ex-diretor da Justiça do Trabalho em Passos, escreve nesta coluna, quinzenalmente, às quartas