Leitor

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20 de novembro de 2023

O nome “terrorismo”

Há o nome e a coisa, alertam os franceses. A comunidade israelita brasileira reagiu fortemente à declaração de Lula segundo a qual os ataques à Gaza seriam atos de terrorismo, como os da Hamas. Mas as causas e suas respectivas motivações não geram uma transmutação da natureza dos fatos. Os fatos: morreram e agora ainda morrem milhares de mulheres e crianças. Chamar a reação de exercício da autodefesa em nada modifica a situação; é um nome, mas a coisa é chacina. Mais cínico ainda sugerir que tais mortes são efeitos colaterais. Se a tarefa de eliminar os inimigos, no meio de civis, sem sacrifício desses, é tarefa difícil, isso é um problema do mais forte, cujo sarrafo da ética, exatamente por isso, é bem mais alto do que o do mais fraco.

Raul Moreira Pinto – Passos/MG

Crise no jornalismo

A crise no jornalismo é visível. A chegada das redes sociais ampliou de tal forma a busca por noticias cada vez mais alinhadas à ideologia que as pessoas se esqueceram de verificar a sua credibilidade. Se o lado A lê algo que o desagrada, o lado B certamente estará vibrando com a notícia. E vice-versa. Já não há preocupação com a veracidade dos fatos e sim com a interpretação deles. Há jornalistas que não conseguem escrever um texto sem citar Bolsonaro. O novo velho governo está aí cheio de problemas e desafios, mas igualmente o presidente, vários articulistas estão olhando pelo retrovisor. Não conseguem olhar para a frente e muitos têm dificuldades para criticar o governo atual porque apostaram nele. Azar do jornal, porque o leitor antenado preza pela verdade.
Além disso, há milhões de outras formas de se atualizar, sendo o Twitter uma delas. Muitas vezes pequenos jornais são féis aos fatos, e por isso, capazes de atrair mais o leitor do que a prepotência de certos veículos que insistem em encobrir o sol com uma peneira. O jornalismo precisa ser humilde, foi-se o tempo em que se amarravam cachorros com linguiça. A internet tornou o mundo pequeno. Sabemos tudo em tempo real. Até a guerra é transmitida ao vivo e não faltam desavisados querendo ludibriar o espectador leitor.

Izabel Avallone – São Paulo/SP

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