Leitor

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18 de outubro de 2023

Sem inocentes

Quando juiz, decidi um caso envolvendo um vendedor de consórcio e uma empresa do ramo. Os litigantes, as testemunhas e até os advogados não se destacaram pela correta conduta fora, antes e ao longo do processo. Por isso, para maior entendimento do que viria a ser argumentado e defendido na sentença, a iniciei dizendo, com ironia, que “não se tratava de uma disputa entre freiras”.
Essa situação se assemelha ao que ocorre no atual conflito entre Hamas e Israel. Ali se têm os ingredientes perfeitos para guerras locais e sangrentas: rivalidade religiosa extrema, talvez o fator mais importante, e pobreza. Enquanto existirem tais situações, as guerras na região se perpetuarão, com as desgraças conhecidas e, nos tempos modernos, amarga e fartamente registradas em imagens. A longa história da humanidade mostra que, quando a religião penetra e se imiscui no Estado, o bom senso e o equilíbrio saem enxotados pela porta dos fundos; adicione-se a isso a constante e perene falta de recursos mínimos por parte dos cidadãos de um dos lados para usufruírem uma vida minimamente digna. Usando-se de lugar comum: são elementos para uma tempestade perfeita. A extrema violência, mútua, daqueles povos fica por conta de ódios acumulados desde tempos imemoriais. Noutra perspectiva, difícil de imaginar que venham a se compor; não há ator que faça a intermediação e quem se dispõe a isso, quase que à força, no caso, os Estados Unidos, confessadamente se alinha ao pensamento de uma das partes. A falta de isenção, diferentemente do “affaire” jurídico por mim julgado, impede previamente a aceitação do mediador.

Raul Moreira Pinto – Passos/MG

Um conhecido na guerra

Acompanho os noticiários e as redes sociais desde o início desta guerra. Vejo todos os tipos de comentários: pessoas que justificam a ação do Hamas, outras em cima do muro e as que aprovam a ação de Israel. A pergunta é a seguinte: se nesse massacre a civis tivéssemos um filho, um neto, um pai, um amigo, enfim, um conhecido, qual seria a sua reação?

Dario José Del Carlo Romani – São Paulo/SP

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